sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A FORÇA DA EUCARISTIA NOS PRIMÓRDIOS, CONFORME O ALIMENTO DO PROFETA ELIAS, EM 1Rs 19,4-10


Anjo acordando o Profeta Elias

Introdução da Monografia, apresentada no Instituto Superior de Ciências Religiosas, da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, em setembro de 2007.

A Força da Eucaristia nos primórdios, conforme o alimento do profeta Elias, em 1Rs 19,4-10, é o tema que nos propomos a estudar e que serve de estímulo à caminhada do Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão (MESC). Em cada doente que visita, recai sobre si a importância de ser o portador deste alimento, fazendo por vezes, de modo imerecido, o papel do anjo que interpela o profeta junto ao junípero[1]: “levanta-te e come!”, pois o caminho é longo, acrescentamos, até a casa do Pai. Este é o conforto que o MESC leva a cada doente, alguns acamados por longo tempo, sem poder levantar; e quando o MESC sai desse encontro pessoal, reflete sobre a miséria humana: “não somos nada, mas podemos ser tudo com a Força da Eucaristia, que nos faz caminhar, assim como fez com o profeta”. Esta é uma leitura da Força da Eucaristia, a partir do trecho do primeiro livro dos Reis que serve a outras tantas situações que percebemos nos dias de hoje.

Partindo do profeta Elias em seu tempo, percorreremos até o momento em que ele se alimenta do pão oferecido pelo anjo (1Rs 19,4-10). E, a partir desse alimento verdadeiro, o vigor do profeta será renovado, sendo prenuncio da “Força da Eucaristia”, o mesmo alimento que recebemos em cada celebração eucarística, para dar sentido a nossa Missão.

Nosso objetivo, portanto, será demonstrar por que não devemos desanimar. As pessoas, não raro, estão desanimadas, intranqüilas, com diversos problemas e há um caminho a seguir. Gratuitamente este dom é multiplicado a cada domingo como uma força capaz de animar quem está desanimado, deixar em paz aquele que está intranqüilo. Deste modo, como animar o homem de hoje para a importância do alimento eucarístico? Como mostrar ao homem de hoje “saber reconhecer o chamado de Deus na sua vida?” e como ele, após esta comunhão com Deus pode realizar maravilhas?

À luz da mudança realizada por Deus, através do alimento, na vida do profeta Elias é possível uma mudança radical em nossas vidas a partir da participação, em estado de graça, da comunhão eucarística.

Para o desenvolvimento desta nossa reflexão, no primeiro momento, será dado um enfoque bíblico sobre o tempo histórico do profeta Elias e sobre o próprio profeta e seus prodígios: a previsão da seca; como ele é alimentado pelos corvos; a multiplicação da farinha e do óleo e a ressurreição do filho da viúva. Depois de tudo, o profeta é obrigado a fugir e sente a dor, o medo e a incerteza, apresentando-se, desta forma, como estava o profeta antes do alimento verdadeiro. No segundo momento, em um aspecto bíblico-litúrgico deparamos com o chamado de Deus, onde o profeta, ainda sem entender, tem, como nós, que comer para viver. Depois, a insistência do anjo de Deus e a resposta de Elias, dando provas de que vale à pena se alimentar daquele pão. No terceiro momento, após a caminhada e o encontro com Deus no Horeb, vemos o vigor renovado no profeta e o texto nos apontando o Pão da Vida Verdadeiro, útil ao profeta e a cada um de nós. Caminhando agora apoiados em aspectos litúrgicos-pneumatológicos, apresentamos a “força” que promana da Eucaristia. Ou seja, o mesmo Espírito de Deus, que se faz alimento, para dar vigor ao profeta é o mesmo Espírito que nos impele à Missão.
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[1] O junípero é um pinheiro nativo do norte da Europa, de regiões bem frias. É uma arbórea de pequeno porte, de tronco ereto e rígido. Suas folhas são de coloração verde escuro, formando uma escama, parecida com as folhas da araucária. Seus frutos são verdes inicialmente, e à medida que vai amadurecendo vai se modificando para uma coloração anil, chegando até a cor preta.

domingo, 8 de novembro de 2009

MARIA, “ESTRELA DA EVANGELIZAÇÃO”


Maria, Estrela da Evangelização

Aconteceu em Aparecida a 36ª Assembléia Nacional das Congregações Marianas do Brasil, onde algumas decisões foram tomadas. Àquela que mais tocou, foi a escolha do tema para o Dia Nacional 2010. Entre quatro propostos, saiu vencedor por um voto o tema: Congregados(as) Marianos(as), com Maria, consagrados à missão.

Desta forma a Confederação Nacional propõe aos congregados marianos de todo o Brasil, um olhar sobre si mesmo, na sua Congregação e/ou Federação, ou seja, um rever o seu “Sim” que o compromete como consagrado a Virgem Maria, e se, a consagração, está frutificando em missão.

Mas, sobre o tema, falaremos em outra ocasião.

Empolgado com o re-encontro dos amigos de fita azul, abraços apertados de uma rara amizade e a sensibilidade de estar na casa da Mãe Aparecida, motivo de toda esta unidade.

Pego um texto mariano e me deparo com a exortação apostólica Evangelii Nuntiandi do Papa Paulo VI, onde exalta Maria como “Estrela da Evangelização”.

Título que permite passar por alguns significados, para apresentar o Seu papel de Evangelizadora:

1º) Porque historicamente participou do papel de Mãe no início da Igreja (Evangelizando as nações);

2º) Por sua maternidade, que é modelo e figura da Igreja;

3º) Por sua vida evangélica, que é um testemunho vivo da doutrina de seu Filho.

Por que o Santo Padre utiliza este título: - Porque,“na manhã de Pentecostes, Ela presidiu com sua oração o início da evangelização, sob a ação do Espírito Santo, que a Igreja, dócil ao mandamento de seu Senhor, deve promover e cumprir, sobretudo nestes tempos difíceis mas cheios de esperança” (EN 82).

Também, neste relacionamento Maria-Igreja, como sua figura, o Papa João Paulo II na alocução no Santuário de Nossa Senhora da Alvorada, Guayaquil, 31 de janeiro de 1985, pronunciou as seguintes palavras: “Maria e a Igreja são templos vivos, santuários e instrumentos por meio dos quais se manifesta o Espírito Santo. Gera de maneira virginal o Salvador: Maria leva a vida em seu seio e gera virginalmente; a Igreja dá a vida na água batismal, nos sacramentos e no anúncio da fé, gerando-a no coração dos fiéis”.

Amigos, é bom termos em mente que a evangelização não se resume a uma técnica, com regras definidas; as técnicas devem estar dirigidas pastoralmente à comunicação da Palavra. O Papa Paulo VI, destacou “o testemunho de vida evangélica como uma das mediações necessárias para proclamar a Palavra de Jesus" (EN 41).

L.H.Rivas, “La Virgen Maria em El Nuevo Testamento”, nos diz: “Maria é a que serve de imagem arquetípica e princípio da Igreja: é a primeira evangelizadora que leva a Boa Notícia, derramando alegrias, bênçãos e o próprio Espírito Santo sobre os que a encontram pelo caminho, é o modelo do cristão nas bem-aventuranças, e serve de exemplo a todos aqueles que querem escutar a Palavra para conservá-la em um bom coração e dar frutos de perseverança”.

Pela intercessão materna, Maria também é evangelizadora (cf. o Encontro de Teologia Mariana da Argentina, doc. Final, 1981). E, essa missão evangelizadora de Maria, acontece de várias formas na Igreja: Liturgia, oração, nos santuários marianos e na orientação na libertação dos povos.

Que Maria, Estrela da Evangelização continue a guiar nossos caminhos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

PROFETA EZEQUIEL


Profeta Ezequiel - Congonhas, MG

No tempo de sua vocação em 593 aC, era relativamente jovem. Ezequiel (Yehezq’el, El (Deus) é forte) deveria ter nascido nos tempos da reforma de Josias (621aC), bem provavelmente em Jerusalém ou nas suas imediações.

A volta aos cultos estrangeiros, os trágicos acontecimentos até a grande deportação para o Exílio da Babilônia (597 aC), levaram Ezequiel a adesão ao profetismo (21-3,12).

Na linha doutrinal de seu Livro se destaca duas partes bem distintas: Ameaças (1-32) e Consolações (33-48). As ameaças se dão contra o povo de Judá (1-24) e contra os povos estrangeiros (25-32). Já as consolações, possuem conteúdo variado (33-39) e um conjunto unitário sobre a situação religiosa do novo Israel (40-48).

Ezequiel foi o primeiro dogmático do AT, ninguém se empenhou tanto em incutir a fundo alguns princípios da crença em Javé. Em sua doutrina, iremos destacar quatro pontos, com algumas subdivisões:

1) Transcendência e Natureza de Javé:
a) Glória e Santidade: O conceito de glória (kabôd), já há tempo em uso (Ex 6,7.10; 24,16s; Lv 9,6.23s; Nm 14,10.22; etc...), e valorizado também por Isaías (Is 6,3), Em Ezequiel torna-se o motivo da leitura para uma doutrina sobre Javé empenhada em recordar aos israelitas a infinita transcendência do próprio Deus e, por conseguinte, a superioridade da concepção religiosa deles. Mas, conceitualmente antes ainda da manifestação e domínio sobre o cosmo e sobre a vida, a glória de Javé é a sua própria santidade;

b) O nome de Javé: Como o povo está indo para o Exílio, solidão e silêncio envolvem a figura de Javé. Ezequiel quer mostrar a exaltação do nome de Javé, como a essência de suas várias ações, quer punitivas, quer salvadoras (4,13-16; 6,10; 7,8s; 11,10; 12,15s; etc...);

c) Espírito e Palavra: Para transpor o abismo entre Deus e o homem, Ezequiel utiliza os termos Espírito (rûah), princípio de vida, onde os ossos ressequidos receberão nova vida (37,5-9) e os israelitas serão interiormente purificados e renovados (11,19). O outro termo é Palavra (dabar). Ele, Ezequiel, se considera o portador das palavras de Javé que são transmitidas ao Povo de Israel;

2) O Novo Israel e a Vocação Messiânica:
a) Aliança (berît): Foi a Aliança do Sinai que selou a escolha das Tribos de Israel (Ez 16,8) e será uma Nova Aliança a relação que Javé terá com seu povo renovado (Ex 37,26s);

b) Castigo para as culpas de Israel: Uma verdadeira prova de castigo, as argumentações de Ezequiel constituem uma defesa da decisão tomada por Javé e recorre à história de Israel para comprovar suas afirmações;

c) O Novo Reino Teocrático: Discute-se a organização sócio-religiosa no novo Israel, Ezequiel previu a sobrevivência da monarquia davídica;

d) O Messias: Quatro textos de Ezequiel parecem entrar a figura de um Messias (servo de javé, pastor único, príncipe, rei). Ez 17,22ss; 21,30ss; 34,23s; 37,24s;

e) Responsabilidade individual: Esta instrução (18,1-31) é um esclarecimento de um princípio pelo qual os exilados criam ter perdido diante de Javé o direito a uma reconstrução nacional.

3) Religiosidade e Consolações:
a) Conversão: O novo Israel será o fruto, não só da vontade de Javé, mas também de um relacionamento mais forte entre ele e cada indivíduo, isto é, da conversão pessoal. O novo povo será constituído principalmente pela massa de exilados deportados e atualmente residentes na Babilônia, e não por aqueles que, por terem permanecido na Palestina, crêem ser a continuação do verdadeiro Israel (11,14-21; 14,21ss);

b) Nascimento do Novo Israel: O novo povo haverá de surgir não só dos exilados, mas também da participação de todas as tribos, todas já nos seus direitos e sem mais nenhuma distinção recíproca e rivalidade (11,14-21; 20,34; 36,23-32; c. 47s; 37,15-28). Todas terão o nome de Israel. O novo povo de Javé se realizará como uma verdadeira Igreja. Também para Ezequiel (cf. Jr 24,7) a conversão consiste essencialmente na criação de um “coração novo” e um “espírito novo” (36,26);

c) Vida e Morte: A questão da renovação javista por parte dos exilados pareceu a Ezequiel uma questão de vida ou morte, no sentido de que, se acaso se renovassem interiormente, os exilados receberiam a vida, e em caso contrário, a morte. (18,21-24; 33,10-20);

d) Bênçãos: Para alegrar a existência do novo povo, unido ao redor de Javé, e aumentar-lhe a felicidade e a paz, haverá bênçãos paradisíacas. Ricas de vigor e originalidade são as descrições de Ezequiel, tais como o oráculo sobre a fertilidade da Palestina após o regresso dos exilados (36,1-12.15; cf. 34,14.26s), e a visão do rio que dá vida, nascendo junto ao templo renovado (47,1-12).

4) Universalismo da salvação: Ezequiel exprimiu a sua visão universal da salvação também pelo simples fato de haver tido a revelação da glória de Javé em terra de exílio (1,1-28), dando a entender, com isto, que os pagãos, por si mesmos, não são piores do que o povo de Israel. Desta forma o profeta, deu a entender, que a história de Israel era a grande pregação para o mundo pagão se converter a Javé.

O Judaísmo tem em Ezequiel, a mais antiga documentação de idéias e de aspirações, a figura de um homem que trabalhou com fé e empenho superiores. Mas não é um livro fácil, onde merece, só isso, um aprofundamento cuidadoso.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

TRITO ISAÍAS (Is 56-66)


Transcendência de Deus, no Trito-Isaías

Completando a trilogia Isaíana, atribuída pelos biblistas a um autor desconhecido, que provavelmente viveu cerca de 450 aC, vamos destacar os Valores Religiosos vividos neste ambiente histórico, onde se situam o tempo da autoria desses onze últimos capítulos do Livro de Isaías, ou seja, a época pós-exílica.

O povo já se encontra em Jerusalém (57,5.7), em estado miserável (60,10); o Templo jaz destruído (64,9), mas já começou a reconstrução do Templo (66,1). A comunidade já não se encontra oprimida por inimigos externos, mas agitada por lutas internas (66,5). Tem-se a impressão de desconfiança e desilusão, porque os oráculos do Deutêro-Isaías não se haviam confirmados.

Neste sentido, quais são os Valores Religiosos e a mensagem doutrinária do Trito-Isaías? – São praticamente os dois pontos, que veremos a seguir:

1) Santidade e transcendência de Deus: No Trito-Isaías, põe-se em evidência a santidade de Deus (57,15), a quem se dá o título de Santo de Israel (60,14). Deste modo, tudo que está a serviço de Deus é divinizado, assim: o monte é santo (66,20), o Templo é santo (64,10), a cidade é santa (64,9) e o espírito é santo (63,11). O autor reconhece a função de Jerusalém como centro de culto, e escolhe o monte Sião (60,13; 62,1; 66,6), a proeminência de Israel (63,8.16s) e o dia do julgamento que traz ao mesmo tempo castigo e salvação (56,1; 60,1s). Deus é Pai (63,16) e estabelece novo pacto com o seu povo (61,8s).

2) Demora da salvação e visão do futuro: A salvação exprime-se na reconstrução do Templo (60,13.17); na restauração dos muros de Jerusalém (60,10); no regresso dos judeus da diáspora (60,4.9); na afluência das riquezas dos povos para a cidade santa (60,7; 66,12) e na peregrinação dos pagãos ao monte Sião (60,5).

É como uma nova criação, mais ampla (65,17-25; 66,22). Também os prosélitos e os eunucos israelitas a serviço das cortes estrangeiras participarão de pleno direito à salvação. Os povos estão ocupados no trabalho da reconstrução do Templo (60,10), do pastoreio e dos campos (61,5), a serviço de Israel. No centro da visão do futuro fulge a glória de Deus, que está presente na presente na Cidade Santa e a ilumina (60,19s), enquanto o Templo é aberto a todos os povos como casa de oração (56,7).

Tenhamos um olhar voltado ao Profeta por Excelência (Isaías - Deutêro-Isaías - Trito-Isaías). O que importa, é saborearmos as palavras deste porta-voz de Deus.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

NOTAS CARACTERÍSTICAS DA ESPIRITUALIDADE MARIANA - RV,13



O centro da espiritualidade própria do Congregado Mariano é a busca permanente de viver a radical novidade cristã que promana do Batismo”, a qual leva o fiel à participação na vida divina pela Graça, à união pessoal com Cristo e com seu corpo que é a Igreja e à vida espiritual marcada pela unção e ação interior do Espírito Santo. – RV,13.

Quando somos batizados, somos imersos na água, ou seja, imersos na morte de Cristo e ressurgimos com Ele como nova criatura, cf. 2Cor 5,17: “Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!”. Conforme escrevia Paulo a Tito, cf. Tt 3,5: “... ele nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo”. Ainda, em Ef 5,8: "Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes".

Este deve ser o centro da espiritualidade do congregado mariano, conforme nossa Regra de Vida, nº 13, citado acima, onde, em nossas vidas, devemos fazer nova todas as coisas, sermos novas criaturas, ou seja, morrermos para o pecado e sermos luzes para este mundo tão cheio de trevas.

Maria Santíssima, aponta este caminho com sua vida de entrega, quando diz o “SIM” na Anunciação, se colocando disponível para servir ao Cristo por toda a vida.

Inácio de Loyola, também nos aponta o caminho, dizendo que em tudo devemos amar e servir.

Parece, que se tocam a espiritualidade de Inácio com a de Maria, com a da Igreja onde deve servir o congregado mariano.

As dificuldades são imensas, mas não devemos esmorecer e sim sermos fiéis aos ideais de Inácio, aos exemplos da Virgem e imitadores de Cristo. Pois somente desta maneira, estaremos participando na vida divina pela Graça.

E o que é a Graça? – Dom gratuito de Deus para nos tornar participantes da sua vida trinitária (CIC 1996), e deste modo passamos a agir em nossos ambientes por amor a Ele, pois, entoamos em nosso hino “Jesus é o centro de toda história”. Deste modo a Graça faz nascer a resposta livre no homem, o seu “Sim”, para sermos colaboradores com a Perfeição de Cristo.

Na Graça, com Cristo, por Cristo e em Cristo unimos à Igreja, um só povo, um só coração, para fazer o amor de Deus pulsar no mundo, pela força do Espírito Santo.

Nesses tempos difíceis que estamos vivendo, onde do caminho de casa para o trabalho. Uns quinze minutos de caminhada. Sempre há um, dois, três pedintes, sempre há pobres dormindo pelo chão. Vivemos, assustado pela barbárie da violência. Depois, da janela do prédio que trabalho, no bairro do Maracanã, próximo ao maior estádio de futebol do mundo, palco da Copa do Mundo em 2014, avistamos o morro da Mangueira (que outrora cantávamos que o seu cenário é uma beleza), vemos dois helicópteros em vôos rasantes, caçando bandidos, com granadas e tudo. Paro! Reflito sobre as cenas vistas desde o momento que saí de casa, e, como a Virgem Maria, medito em meu coração: “Tudo é fruto da corrupção” a nível Nacional, Estadual, Federal. Parece que não tem fim.

Unir nossas fileiras para o bom combate. Avante congregados!

Salve Maria!

sábado, 17 de outubro de 2009

AS TRÊS COLOCAÇÕES DO ANJO – Lc 1,28


Missa na Igreja do local da Anunciação do Anjo a Maria, em Nazareth (Israel).

Em uma sociedade, onde não raro, a corrupção prevalece sobre a honestidade. Onde, poucos possuem acesso à educação, onde os valores familiares estão sendo destruídos. Onde, uma onda de agitação convoca a produzirmos e consumirmos mais.

Hoje, um sábado (17.out.09), a cidade do Rio de Janeiro, de modo especial a zona norte, está em pânico, devido aos embates entre o tráfico de drogas e Polícia Militar, cada dia uma novidade, hoje conseguiram derrubar um helicóptero da Policia, onde dois policiais morreram.

Mas, no meio de todas estas desmoralizações, a que somos submetidos, ainda ficamos felizes, pois amanhã (domingo), Dia do Senhor, estaremos na Diocese de Duque de Caxias, em São João de Meriti, para partilhar com congregados marianos e juventude mariana, sobre as três colocações proferidas pelo anjo do Senhor a Virgem Maria.

Contemplamos Nossa Senhora que “enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, com os esplendores duma santidade singular, a Virgem de Nazaré é saldada pelo anjo, da parte de Deus, como cheia de graça (Lc 1,28). Deste modo, Maria, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus e, não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, á pessoa e à obra de seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele, servindo pela graça de Deus onipotente o mistério da Redenção. Por isso, consideram com razão os Santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens” – LG 56.

A Anunciação a Maria e a Encarnação do Verbo (fato maravilhoso, o mistério das relações de Deus com os homens e acontecimento mais transcendente da História da Humanidade). Que Deus se faça homem e para sempre! Até onde chegou a bondade, a misericórdia e o amor de Deus por nós, por todos nós! E, não obstante, no dia em que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade assumiu a débil natureza humana das entranhas puríssimas de Maria Santíssima, nada extraordinário acontecia, aparentemente, sobre a face da terra.

Desta forma, partindo da leitura de Lc 1,26-28: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”.

Nos basta, estas três colocações: “Ave” – “cheia de graça” – “O Senhor é contigo”.

Chaire Kecharitomene (Ave, cheia de graça)) São as primeiras palavras que Maria escuta do Anjo do Senhor. Estas palavras são o início de nossa fé, que se prolongará em: Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição.

O Anjo do Senhor faz chegar a Maria uma saudação profética: “Alegra-te! Sim alegra-te”. É um convite à alegria messiânica. Conforme no Antigo Testamento nos falara através do profeta Zacarias, em Zc 9,9-10: “Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta. Ele suprimirá os carros de guerra na terra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém. O arco de guerra será quebrado. Ele proclamará a paz entre as nações, seu império estender-se-á de um mar ao outro, desde o rio até as extremidades da terra”.

Contemplemos a cena, e vemos que em Maria se vai cumprir a profecia de Zacarias.

O anjo, desde a primeira colocaçãoAve”, põe Maria a par de que algo maravilhoso vai ocorrer. Sf 3,14: “Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém”!

Salve!”: Literalmente o texto grego diz: Alegra-te! (Chaire). É claro que se trata de uma alegria totalmente singular pela notícia que Lhe vai comunicar a seguir.

A segunda colocação do enviado “cheia de graça” é uma denominação para Maria. Entre os judeus, o nome da pessoa está vinculado a missão que esta irá exercer. Ex: Abrão para Abraão = Pai da multidão; Sarai (minha princesa) para Sara (mãe fecunda); O nome de Jacó muda para Israel (aquele que luta com Deus); Simão para Pedro (Pedra) e Maria é Cheia de Graça (favorita de Deus).

Cheia de graça”: O Arcanjo manifesta a dignidade e a honra de Maria com esta saudação desusada. Os Padres e Doutores da Igreja “ensinaram que com esta singular e solene saudação, jamais ouvida, se manifestava que a Mãe de Deus era assento de todas as graças divinas e que estava adornada de todos os carismas do Espírito Santo”, pelo que “jamais esteve sujeita a maldição”, isto é, esteve imune de todo o pecado. Estas palavras do Arcanjo constituem um dos textos em que se revela o dogma da Imaculada Conceição de Maria, ocorrido em 8.dez.1854. (Cfr Ineffabilis Deus, nº 14).

A terceira colocação do anjo “O Senhor está contigo”, que encerra um sentido oculto a primeira vista. Mas, faz referência a profecia de Isaías 7,14: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco”.

O Senhor está contigo”: Estas palavras não tem um mero sentido de súplica (o Senhor esteja contigo), mas afirmativo (o Senhor está contigo), e em relação muito estreita com a Encarnação. Santo Agostinho glosa a frase “o Senhor está contigo” pondo na boca do arcanjo estas palavras: “Mais que comigo, Ele está no teu coração, forma-Se no teu ventre, enche a tua alma, está no teu seio”.

As três colocações possuem uma chave maravilhosa e estão repletas de riquezas: - Alegra-te, filha de Sião, o Messias está por chegar; foste agraciada por Deus e Ele estará contigo. Perguntamos: Será que a Virgem percebeu este conteúdo? Será que foi a causa de sua inquietação?

Maria começa a refletir sobre a maravilha que acabara de ouvir. O Anjo do Senhor em complemento amplia a mensagem e tornando a mesma mais clara, facilitando, desta forma, o entendimento de Maria. Cf. Lc 1,30-33: “O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”.

Maria, Virgem, escuta atentamente a palavra do Anjo e começa entender o sentido messiânico desta palavra.

No interior da Virgem surge algo que lhe toca, podemos até associar com o oráculo do profeta Jeremias, cf. Jr 31,3: “De longe me aparecia o Senhor: amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor”.

Maria continua confusa, sente-se surpresa, diante da magnitude que está ocorrendo. Ela tem um respeito temente, diante do espanto que aquelas palavras produzem. Seu Filho seria o Messias tanto tempo esperado por Israel. Apesar do assombro, Maria compreende, mas com um conhecimento transcendental (assentimento da fé). É a invasão súbita do maravilhoso na sua consciência, ou seja, é Deus mesmo iluminando internamente Maria. Sf 3,14-15: “Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça”.

Mas, esta primeira intuição vai crescendo e se desenvolve, e no meio de toda esta agitação. Maria toma consciência de sua consagração virginal e pergunta a si própria e ao anjo. Lc 1,34: “Como se fará isso, pois não conheço homem”?

Maria pergunta, não porque tem dúvida, mas sim com o desejo de maior luz, pois Ela não podia entender, como ocorreria esta maternidade, já que tinha feito o propósito de não conhecer homem algum. Esta pergunta, ao anjo, esclarece o segredo de Maria.

Quem melhor expressa este sentir de Maria, será Santo Agostinho (+430): “Por isso é mais aceita e agradável a virgindade de Maria, pois antes de conceber o Cristo, Maria já era consagrada a Deus. Assim, se desliga de sua resposta ao anjo que lhe anunciava que daria à luz um Filho... coisa que não teria certamente dito, se antes não se houvesse consagrado a Deus”. E para não causar escândalo junto aos israelitas, continua o Santo de Hipona: “foi desposada com um homem justo, não para privar o que já havia prometido (a virgindade), mas para preservá-la de toda a violação”.

Alguns importantes manuscritos gregos e versões antigas acrescentam no fim: “Bendita tu entre as mulheres”: Deus exaltá-La-ia assim sobre todas as mulheres. Mais excelente que Sara, Ana, Débora, Raquel, Judite etc..., pelo fato de que só Ela tem a suprema dignidade de ter sido escolhida para ser Mãe de Deus.

Já dizia Santo Ambrósio de Milão (doutor da Igreja, + 397): “Não diz a Sagrada Escritura, apenas que uma Virgem conceberá, mas também que uma Virgem dará à luz. Pois, o que é a porta do templo”? Ez 44,1s: “Ele reconduziu-me ao pórtico exterior do santuário, que fica fronteiro ao oriente, o qual se achava fechado. O Senhor disse-me: Este pórtico ficará fechado. Ninguém o abrirá, ninguém aí passará, porque o Senhor, Deus de Israel, aí passou; ele permanecerá fechado”.

Não é Maria esta porta, pela qual o Salvador entrou no mundo... ela que concebeu e deu à luz como virgem”.

Com grande simplicidade narra São Lucas o magno acontecimento. Com quanta atenção, reverência e amor temos de ler estas palavras do Evangelho, rezar piedosamente o Angelus cada dia, seguindo a divulgada devoção cristã, e contemplar o primeiro mistério gozoso do Santo Rosário.

Esqueçamos a violência de nossa cidade e pratiquemos em nossos ambientes o Amor de Deus. Salve Maria!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

AFINAL, QUEM É MARIA?


"Imagem da Imaculada Conceição na Igreja de São José (localizada, de acordo com antigas tradições, sobre a oficina de carpinteiro da Sagrada Família. Mais tarde a tradição identificou este lugar como a casa de José e Sagrada Família - Nazareth (Israel)".

Nos dias de hoje, é comum quem não entenda a figura de Maria, diante do culto que prestamos a Ela. Há os que se desconcertam diante de Maria; Há os que não sabem o que pensar, o que sentir, nem o que fazer. As pessoas e até muitos cristãos respeitam Maria, mas permanecem confusos, porque não entendem o significado prático que Maria possa vir trazer a suas vidas.

Muitos vêem Maria, como um objeto de estudo, como um ícone importante, só uma imagem em um altar, mas não conseguem enxergar Maria Santíssima como uma pessoa real envolvida por uma explícita e gratuita vontade de Deus na história da Salvação.

Afinal, quem é Maria?

Maria é uma pessoa real, que influi agradavelmente na intimidade da Igreja e de seus fiéis, para ajudá-los na peregrinação e conformação com o Senhor Jesus. Por isso a chamamos por “Mãe da Graça” ou “Mãe da Misericórdia”.

Como dizia Santo Alberto Magno,OP (séc. XIV): “Maria é Mãe que concebe, por sua compaixão, os filhos da Igreja, e os forma com sua caridade”. Também, os primeiros cristãos, nas primeiras comunidades, descobriam a Mãe à medida que descobriam o mistério do Senhor Jesus, que era a Palavra feito carne.

Amigos! Prestem atenção na tradição viva de nosso povo! Leiam e entendam os ensinamentos do Concílio Vaticano II, que nos aponta os alcances do amor maternal da Virgem Maria.

Um teólogo, falou um dia: “O Concílio de Éfeso foi o Concílio da Maternidade Divina de Maria, e o Concílio Vaticano II foi o Concílio de sua Maternidade Espiritual e Eclesial”. E, ainda, há aqueles que não entendem a presença maternal de Maria. Uma pena!

Basta um olhar sobre a sociedade e sentimos o desconhecimento do próprio Cristo, e em muitos casos apenas um conhecimento superficial. Conforme nos falava, o teólogo alemão, do séc. XX, Michael Schmaus: “Uma falsa interpretação de Cristo conduz... forçosamente a uma falsa interpretação de Maria. Assim, em Maria, fica manifesto quem é Cristo e o que faz”.

Então! Você concorda, que aproximar-se de Cristo é aproximar-se de Maria? – Ela, é a garantia de uma aproximação completa, pois nos faz compreender e viver a totalidade dos mistérios de Cristo.

Também nos dizia, o Papa Pio X (Papa da Eucaristia, pontificado de 1903-1914): “Não há caminho mais seguro e fácil pelo qual os homens podem chegar a Cristo que Maria”. Bem como, nos falava o Papa Paulo VI (pontificado de 1963-1978): “Já que Maria deve com razão ser considerada como o caminho pelo qual somos levados a Cristo, a pessoa que encontra Maria não tem outro remédio a não ser também encontrar a Cristo”. Ainda, ao encerrar o Concílio, Paulo VI, afirmava: “A verdadeira doutrina católica sobre a Virgem Maria será sempre a chave para a exata inteligência do mistério de Cristo e da Igreja”.

A Cristo, por Maria, pela Família Unida!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

CONTEMPLEM AS COISAS


Flores do Jardim do Santuário de Bahai, próximo ao Monte Carmelo - Haifa (Israel) 

Em visita ao Egito e a Terra Santa, em julho de 2009, conheci alguém, que como eu, estava só e em Deus. Tudo era novo: os lugares, o clima, a paisagem. Experimentávamos, o contato real, que admitia a nossa fé.

Em certo momento, convidei a amiga Maria Helena, a cantar comigo a Oração de Santo Inácio de Loyola e fazíamos como uma novena, pois 31 de julho, o dia de nossa volta era o dia que a Igreja festeja a memória do Santo.

Foi bonito, contemplativo, tendo seu ponto alto na Igreja de Sant'Ana (Jerusalém) com uma acústica formidável, onde pudemos cantar, rezar mais uma vez a Oração de Inácio, onde outros vieram e tendo a frente Jesus Sacramentado, pedíamos ao Senhor que tomasse e recebesse toda a nossa liberdade, memória, entendimento e vontade. E, agradecidos louváva-mos ao Senhor por tudo o que temos e possuimos, foi Ele, o Senhor que nos deu pelo Seu Amor.

Deste modo, agradecíamos os dons que D'Ele recebemos e estávamos ali, em cada oração, com gratidão devolvendo os dons recebidos e pedia a Jesus que dispusesse deles segundo a Sua vontade e não a nossa.

E pedíamos, como Inácio, fizera um dia. "Dai-me somente, o vosso amor, a vossa graça. Isso nos basta, nada mais queremos pedir". Concluíamos a nossa oração, com um Pai Nosso e uma Ave Maria. E assim, passamos pela Terra Santa.

Faço questão de registrar a amizade, pois conversávamos sobre Música Clássica, Poesia e Flores. E como devíamos trabalhar em nossas vidas a Contemplação. Em Nazareth, ficamos até tarde degustando um bom vinho da Galiléia.

Em um determinado momento da viagem, parei para escutar a poesia "Contemplem as coisas" de Maria Alice Penna, declamada, na ponta da língua, de cor (coração) pela amiga Maria Helena. Confesso, que fiquei intrigado. Eu, gastando meu latim, para explicar o que era contemplação. Ela, a amiga, fazia soar em meus ouvidos, através de uma poesia, algo melhor que eu poderia explicar. Aprendi mais uma. 

Segue abaixo a poesia "contemplem as coisas", que a amiga Maria Helena, em um momento de nossa oração, na Terra Santa, me passou. Que Deus a abençoe amiga!

Vocês que são inteligentes,
Saberão distinguir, observar
A imensa diferença que separa
Esses dois verbos “ver” e “contemplar”?

Ver é a ação mecânica dos olhos
Focalizando a vista, é enxergar,
Contemplar, entretanto é ação da alma
Que se esforça por tudo registrar.

Quem, apenas enxerga, vê por alto,
Não está empenhado em observar
Conhece as coisas só pela metade,
Nunca será capaz de analisar.

Quem, ao contrário,se concentra a fundo
Na difícil ação de contemplar
Percebe coisas que aos demais escapam
Aprende tudo o que a vida ensinar

Experimentem contemplar as coisas,
Penetrar-lhes o intimo sentido,
Exercitando a alma e a inteligência
Em perceber-lhe todo o colorido!

Se assim fizerem, isto eu lhes garanto,
Fontes de encanto brotarão da terra,
E então compreenderão, mudos de espanto,
Toda pujança que esta vida encerra!
Todo universo é ordem e beleza
Que se oferece a essa contemplação
Respeitemos a força e a profundeza
Do mistério sem par da Criação!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ISAÍAS - DÊUTERO ISAÍAS (Is 40-55)


O contexto histórico desses capítulos são do século VI AC, época do exílio babilônico. O autor não se dirige aos habitantes de Jerusalém, mas aos exilados que se encontram na Babilônia (40,3ss; 41,17-20). O Templo e a Cidade Santa acham-se destruídos há tempo (44,26ss; 49,8.16ss; 51,3). Além destas razões históricas, que acarretam razões literárias e doutrinais, podemos dizer que o autor do Dêutero-Isaías, trata-se de um anônimo, talvez discípulo de Isaías.

Observando o fundamento da mensagem religiosa do Dêutero-Isaías, que foi inspirado no primeiro Isaías, podemos destacar oito pontos, conforme a seguir:

Javé Criador: Javé é o primeiro e o último, o único e o eterno (41,4; 43,10ss; 44,6; 48,12), o incomparável (40,18.25; 40,8; 45,5s). Ele é todo-poderoso e conhecedor de tudo; a ele subordinam-se todas as criaturas; também as grandes potências nada são diante dele (40,14ss.21ss). O Autor fala desta maneira, pois o povo está no exílio. Prega falando que a libertação deles deve ser vista como uma nova criação, pois Javé é o mesmo que tudo criou.

A palavra: A Palavra todo-poderosa de Deus, jorra da mente e do coração. Mediante a Palavra de Deus a nova criação será repetida e acontecerá a redenção de Israel (cf. 40,1-11 e 55,10s).

Monoteísmo teórico: Somente Javé é Deus. Os ídolos, os deuses da Babilônia, nada são, pois não passam de obra das mãos humanas (40,19s; 41,6s.21-24; 44,6-20; 46,5s). Desta forma, o Dêutero-Isaías é o primeiro profeta que prova a unicidade de Deus pelas profecias, fazendo uma distinção nítida entre duas épocas, a antiga e a nova.

A redenção: A palavra criadora de Javé chega a Israel no exílio e realiza a redenção. A Babilônia cai (c. 47); os exilados retornam a pátria (43,5s; 49,17s.22s); Jerusalém e o Templo serão reconstruídos (44,28; 45,13; 52,9; 54,11s); Será que Israel merecia esta graça? (42,18-25); o povo foi infiel (43,22s); não tiveram sinceridade com Javé (48,1s). Mas, Javé se compadece (40,2; 44,22; 55,7), pois é o criador de Israel (41,4; 46,4; 48,12), o seu redentor (41,14, 43,11-15; 44,6). Javé possuí amor paterno com o povo (43,6; 44,2; 46,3; 49,14s) e conjugal (50,1s; 54,4-10).

A comunidade renovada: O povo retorna, é a comunidade de Sião, que gozará de profunda paz e prosperidade por parte de Deus. Javé derramará sobre ela o seu espírito e a sua bênção (44,3) e estabelecerá com ela uma nova aliança.

A missão de Israel: O universalismo do Dêutero-Isaías atinge o ponto culminante nos cânticos do Servo de Javé, que proclama a justiça às nações (42,1) e é uma luz de salvação que se difunde até os confins da terra (49,6). Os pagãos haverão de pasmar ante a humilhação e a exaltação do Servo (49,7; 51,4ss; 52,14).

O novo êxodo: A libertação de Israel será o novo êxodo, que supera em superioridade ao da saída do Egito (41,17ss; 42,16; 43,2.16ss; 48,21; 49,10; 51,10), e como uma marcha através do deserto (43,15ss; 48,21; 51,9s).

A vinda de Deus: A epifania, a vinda do próprio Deus, que avança a frente dos exilados carregando nos braços as suas ovelhas (40,9ss).

O Dêutero-Isaías é uma síntese sobre a criação do mundo, a história da redenção e sobre a escatologia, ultrapassando de certa forma os profetas antecessores, alcançando assim, uma visão unitária e teocêntrica, que é a concepção bíblica do mundo.

sábado, 19 de setembro de 2009

SER FILHO DE MARIA


Pintura da Virgem Maria, S. José e o menino Jesus na oficina de carpinteiro. Este quadro está na Igreja de São José em Nazareth (Israel), segundo a tradição, a Igreja está construída, no local que era a oficina de carpinteiro da Sagrada Família.

Estamos no ano de 2009 e observamos notáveis avanços tecnológicos na humanidade. Mas, alguns ainda se escandalizam, pois, vivemos em um mundo fechado em si mesmo, onde muitos ignoram o seu sentido, o seu destino. Talvez por uma estreiteza de espírito, por ignorar o próprio Deus. Então, nesta aridez, porque não Falar de Santa Virgem Maria?

Como congregado mariano, consagrado desde 1974, para mim, neste mundo como está, não é estranho falar de Maria. Pelo contrário, se em cada dia 25 de setembro, completo, mais um aniversário de meu batismo. E, sabemos, que pelo Batismo passamos a ter parte com o Cristo, e aprendemos pela nossa fé, que as atitudes de Jesus podem ser as nossas atitudes.

Então, ser autêntico cristão (congregado mariano) requer que tenhamos uma abertura contínua, assim: 1) Uma atitude de amor filial para com o Pai, pelo Senhor Jesus, no Espírito Santo, ou seja, com toda a Trindade, a quem carinhosamente, invocamos “Pai nosso”; 2) Ter também, um profundo amor filial à Mãe de Deus, que também, carinhosamente chamamos ”nossa Mãe” e 3) Manter uma relação justa e fraterna, com os nossos irmãos.

Desta forma “à medida que nos vemos mais conformados ao estado de Jesus, mais vamos descobrindo Maria, o que Ela é para Ele, e com isto o que deve ser para nós” (Cf. Figari, LF, em Companhia de Maria). Nós congregados marianos, podemos dizer, que somos abençoados ao sermos convocados a percorrer esse caminho, no “hoje” da Igreja.

A nossa vocação de cristão (congregado mariano) é a de viver o estado de Jesus, que é o de Filho de Maria. Não se trata, de uma atitude melosa e pietista, nem de considerar Maria como uma Divindade Feminina. Então viver o estado de Filho de Maria requer uma devoção mariana cristocêntrica.

O amor que professamos a Santa Maria é o mesmo que o próprio Cristo professava a sua Mãe. Isto é comunhão, é conformar-se ao próprio Cristo, o Verbo Encarnado. Não se pretende imitar um mistério ou outro de Cristo, mas sim, imitarmos a Deus, no estado de Filho de Maria, ou melhor, será uma transformação, uma conversão total, pois Jesus é o modelo e princípio da vida interior, conf. Jo, 4,14: “mas quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna”. Ainda, Jo 6,48: “Eu sou o pão da vida”.

Então, irmãos, que outro sentido pode ter as palavras de São Paulo, quando fala a cada um de nós, exortando a sermos fiéis filhos de Maria (cf. Gl 2,20: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim...”). Conformai-vos ao Cristo, este é o melhor caminho para sermos verdadeiros filhos de Maria.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O CAMINHO PARA SER FELIZ É APRENDER A ESCOLHER

Cidade de Brasópolis-MG. Local onde fui batizado. Igreja de São Caetano de Thyene

Em reunião, dos MESC’s e Equipe de Liturgia da Paróquia de São Francisco Xavier, na Tijuca, Rio de Janeiro, conduzida pelo Pe. Jorge Luiz Palmeira, foi apresentado um feliz texto para reflexão: “O caminho para ser feliz é aprender a escolher”.

Mas, antes, do texto, os presentes foram conduzidos a leitura de dois trechos da Sagrada Escritura: Sb 9,1-6.9ss (Oração de Salomão) e 2Cr 1,7-13, que falavam sobre a sabedoria. Ao final, lançou as seguintes perguntas:

1) O que é discernimento?

2) Quais são os requisitos para bem discernir?

3) Se vários caminhos se apresentam a minha frente, como saber qual deles tomar?

4) O medo de decidir sobre algo (difícil ou fácil) assombra muita gente, você conhece alguém que tem medo de tomar decisões? Como ajudá-la?

Seguindo os passos de Inácio de Loyola, que muito trabalhou para o bom discernimento, apontando a Oração de Contemplação como ótimo caminho para “Em tudo Amar e Servir”, criando, desta forma os Exercícios Espirituais. Mas, isto, será tema de um próximo artigo. Hoje quero apenas, transcrever o texto, que me parece, foi escrito por alguém da Canção Nova e que passa, não muito raro, pelos ideais de Inácio. Bem, vamos ao texto:
O caminho para ser feliz é aprender a escolher
Quando um homem escolhe uma esposa, imediatamente está deixando para trás todas as outras mulheres; quando se decide por uma profissão, abre mão de todas as outras etc... Escolher, pois, significa também renunciar. E quando não se tem um discernimento apurado para avaliação, escolher se torna um sofrimento e uma fonte de desgosto.
Discernimento é conhecer profundamente a Deus e a si mesmo, porque Deus se encontra na alma como se encontra no céu. Por isso mesmo a própria alma é outro céu, no qual se pode entrar pela oração. É uma loucura querer entrar no céu sem antes termos entrado em nosso coração a fim de conhecer a nossa miséria, os bens que recebemos de Deus e de pedir muitas vezes misericórdia.

Devemos rezar para saber o que Deus quer de nós e lhe pedir sua ajuda para cumprir a sua vontade, porque, mesmo depois de discernir o que é o plano de Deus, é importante verificar o que está de acordo com esse plano. Agindo assim, agrada-me muito ao Senhor, que nos leva a um caminho sempre mais perfeito, a águas mais profundas e nos dá um alimento espiritual mais sólido, porque o alimento sólido é para os adultos, aqueles que a experiência já exercitou para distinguir o bem e o mal (Hb 5,14). Deus quer que os seus filhos se mostrem experientes para o bem, sem nenhum compromisso para o mal (cf. Rm 16,19). E, por isso adverte a examinar tudo e guardar o que é bom (1Ts 5,21), de maneira que possam sempre escolher o que é melhor.

O discernimento desperta o homem interior, dá-lhe visão espiritual. Uma luz que antes nem sabia existir ilumina as opções de sua vida. Ele passa a ser capaz não só de escolher entre o bem e o mal, mas, com clareza, de distinguir, entre coisas boas, a que é melhor. E isso é muito mais difícil.

A visão espiritual faz lançar um novo olhar sobre o mal e um novo entendimento sobre o sofrer. Porque, com Jesus, a própria dor consola, e a tristeza já não nos pode esmagar. Este novo olhar faz brotar a experiência de uma alegria nova, diferente, inexplicável por palavras, e enche o nosso coração de gosto por Deus.

O homem que foi visitado pelo Espírito tem a sua mente aberta para compreender as Sagradas Escrituras e as intervenções do Senhor em sua vida. Apenas com essa experiência é que a pessoa passa a ter coragem de assumir compromissos novos e difíceis a serviço de Deus e daqueles que o Senhor colocou a seu lado. Só pode dizer sim ao irmão quem consegue escolher dizer não a si mesmo, e isso é dom de Deus.

O Espírito Santo é o guia e o professor do homem de bem. Ele dirige a sua mente, confirma o afeto, o sentimento, a intuição que o atrai para onde Ele quer e orienta os seus passos para o alto. É Ele quem acompanha os filhos de Deus às promessas do Pai e confirma seus passos no caminho da felicidade. É Ele quem leva a Deus. Os que por Ele se deixam conduzir não tropeçam, já não estão debaixo da lei, tal como Jesus são conduzidos passo a passo, recebem suas inspirações, são arrastados pelo coração a abarcar sua decisões.

O Espírito Santo tem um zelo e um carinho tão grande pelo que lhes são consagrados que os dirige não só nas grandes coisas da vida, mas também nas pequenas. Ele impede os que amam de tomarem decisões precipitadas, desastrosas ou em desacordo com os planos de Deus. É tão viva sua assistência que os que a experimentam sentem-se como que conduzidos pela mão.

O mundo tem seus “poderosos modelos” e costuma apresentar seus “sábios e líderes”, mas o homem poderoso de fato é aquele que é movido pela fé e conduzido pelo Espírito; este, sim não pode ser detido.

Para Reflexão:

1) Como tenho deixado o Espírito Santo agir em mi?

2) Minhas escolhas diárias têm a participação do Espírito Santo?

terça-feira, 8 de setembro de 2009

IGREJA NO BRASIL QUER DESPERTAR OS LEIGOS

"Despertar a vocação e a ação missionária dos batizados (congregados marianos)" é um dos objetivos do novo projeto nacional de evangelização aprovado pelo episcopado brasileiro.

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana, explicou a iniciativa em uma entrevista concedida ao L'Osservatore Romano.

O novo projeto, intitulado "Brasil na Missão Continental", convida toda a Igreja no país "a colocar-se em permanente estado de missão" e "propõe como objetivo geral o abrir-se ao impulso do Espírito Santo e incentivar, nas comunidades (congregações marianas) e em cada batizado (congregado mariano), o processo de conversão pessoal e pastoral ao estado permanente de missão", afirma Dom Geraldo Lyrio.

Com este fim, fixaram-se numerosos objetivos: "oferecer a alegre experiência do discipulado, no encontro com Cristo; promover a formação em todos os níveis no apoio da conversão pessoal e pastoral do discípulo missionário".

Também quer "reconsiderar as estruturas da ação evangelizadora para tentar chegar aos católicos que se distanciaram; favorecer o acesso de todos, começando pelos pobres, a atraente oferta de uma vida digna em Cristo; aprofundar na missão como um serviço à humanidade; discernir os sinais do Espírito Santo nas vidas das pessoas e na história".

O sujeito da missão, observa Dom Geraldo Lyrio, é a Igreja particular. Por este motivo, a CNBB propõe a cada diocese que revise seu plano pastoral para imprimir-lhe um maior impulso missionário. E as congregações marianas irão participar? – Qual o nosso plano de ação para entrar nesta missão, ou continuaremos só cantando “...nós somos missionários, por Cristo convidados. Vamos, pois, congregados...”

O projeto, constata o prelado, "não pretende apenas realizar coisas novas ou levar a cabo novas iniciativas, mas imprimir um caráter missionário nas estruturas, organismos e iniciativas pastorais já existentes".

As comunidades pastorais (também às CC.MM.), portanto, devem ser "levadas a aproveitar intensamente este tempo de graça que a Conferência de Aparecida representa como novo Pentecostes para a América Latina e o Caribe".

O presidente dos bispos brasileiros recordou também que o Brasil proclamou 2009 como Ano Catequético Nacional, com o tema "Catequese, caminho para o discipulado", iniciativa que "tende a consolidar o caminho da catequese renovada e oferecer luzes para os novos desafios que a realidade apresenta".

Fonte: CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 7 de setembro de 2009 (ZENIT.org)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

ISAÍAS - PROTO ISAÍAS (Is 1-39)


Neste mês da Bíblia, vamos continuar o tema Profetas. Desta vez com destaque para Isaías, que viveu no séc. VIII AC e era conselheiro de Ezequias.

Seu livro contém 66 capítulos. E, com a aplicação do “método histórico-crítico” aos livros sagrados, os estudiosos, dividiram o livro em três partes, assim distribuídos: Proto-Isaías (cc. 1-39), cujo autor é o próprio profeta; Dêutero-Isaías (cc. 40-55) e Tríto-Isaías (cc.56-66), sendo estes dois últimos atribuídos a discípulos de Isaías.

Desta maneira, queremos destacar sete aspectos religiosos do Proto-Isaías, e posteriormente comentaremos sobre o Dêutero e Trito Isaías.

1) O Deus Santo: O título divino que mais ocorre na profecia é o Santo de Israel. Pois Ele é o Senhor, o Forte, o Poderoso, o Rei, o único criador do mundo e o verdadeiro ator da história humana.

2) Israel: Isaías não usa a palavra aliança, mas concebe a relação de Deus com o povo como a de um esposo (Is 5,1ss). Como Santo de Israel, Deus impõe obrigações morais ao povo: a prática da justiça social, o culto sincero (Is 1,10-20).

3) O plano divino: A fase preliminar desse plano compreende o julgamento divino acerca dos pecados dos indivíduos, de Israel e das nações pagãs. O pecado assume o aspecto particular de incredulidade e de orgulho. A vaidade das mulheres (Is 3,16), a indiferença para com o plano divino (Is 5,9), a prudência humana dos sábios (Is 5,21).

4) O orgulho, punição: Diante da atitude negativa do homem que se recusa a aceitar a palavra profética, Deus pode chegar ao ponto de endurecer o coração dos ouvintes tirando-lhes a possibilidade de compreendê-la: sofrerão assim as conseqüências extremas da sua obstinação (Is 6,9ss; Is 29,9ss).

5) A Fé: A fé implica em completo abandono ao Deus que dirige a história, em aceitação dos oráculos divinos e na esperança de obter a salvação unicamente de Deus (Is 8,17; Is 25,9; Is 30,18). Pede conversão (Is 7,3), confiança (Is 30,15), humildade (Is 29,4), obediência (Is 1,18ss) e o cumprimento da vontade divina na vida diária (Is 1,16s).

6) Reino de Deus: A fé possibilita participar da salvação. Esta é concebida como um reino de justiça e de paz (Is 9,4.8), de liberdade (Is 9,3), de luz e de alegria (Is 9,1-2).

7) O Messias descendente de Davi: A salvação é obra de um representante divino, o futuro rei ideal. Descendente da dinastia de Davi, ele é a pedra angular, sobre a qual se ergue o edifício divino (Is 28,16.17ª).

Podemos dizer que o Profeta Isaías, na História da Salvação, é o grande Profeta da santidade de Deus, da fé e do Messias glorioso.

Administre o seu tempo e reserve um espaço para a Palavra de Deus na sua vida. Salve Maria!

PROFETAS: JEREMIAS

Com Jeremias alcançamos um dos pontos mais elevados da revelação do Antigo Testamento. Colocamo-nos diante de uma das figuras mais vivas, complexas e modernas. Jeremias, consegue fazer Deus se abaixar à realidade humana, com todo o peso de sua onipotência, para se confrontar com o penoso proceder da criatura entre sofrimentos e ruínas. A leitura do livro do Profeta Jeremias é uma das mais cativantes, absorventes e salutares.

O ponto central da reflexão de Jeremias é o homem diante de Deus, mas com uma diferença em relação aos outros profetas, pois, em Jeremias a atenção se volta também para o homem, nos seus reflexos diante de Deus, como devemos agir na presença de Deus.

O Encontro com Deus: Deus está sempre acima, distante (Jr 22,23) e longe do relacionamento com o ser humano (Jr 18,1-12). Para Jeremias, o homem não se contenta em receber Deus, mas em compreender este Deus. Tem que haver diálogo, colóquio (Jr 20,7-18). Com Jeremias a religião se torna uma comunhão de corações entre Deus e o homem.

O culto e o Templo: No tempo de Jeremias, o Templo está sendo destruido e o povo de Israel, está sendo levado para o exílio da Babilônia. Escrevendo aos exilados não manifesta sentimento de pesar pela perda do Templo, nem se mostra preocupado que o povo não possa vir a rezar em terra estrangeira (Sl 137,4), mas pede ao povo a vir rezar pelos deportadores (Jr 29,7). E quando antevê o futuro messiânico (Jr 31,34), parece esquecer o Santuário e os sacerdotes, se concentrando no ensinamento da Torá (Jr 2,8), onde fixa a atenção exclusiva nas relações do homem com Deus.

O pecado: Uma das idéias mestras da Teologia do profeta é que o homem é pecador. E uma de suas primeiras pregações fala ao homem, quanto a dureza do coração (Jr 3,17) e da obstinação humana de querer seguir as próprias decisões descartando as de Deus (Jr 2,20). Jeremias, não cessa de advertir até o fim (Jr 44). Apesar de cada um ser pecador, Jeremias acredita em um retorno pleno a Deus, pois, apesar do homem ser sempre corrompido, ele se encontra sempre diante de Deus, de um Deus cujas entranhas se comovem por ele (Jr 31,30) e que prepara para o futuro uma mudança de coração (Jr 24,7).

O messianismo: O aspecto pelo qual o profeta se alonga será a renovação do homem. Mudança de coração (Jr 24,7). Significa eliminar o pecado (Jr 31,34). Se o retorno é concebido mais coletivamente, a mudança do coração é individual; é o estabelecimento de uma relação (aliança) entre cada um e Deus.

Influência de Jeremias: Na realidade foram muitos os influenciados pela personalidade extraordinária e pelo pensamento de Jeremias. Basta pensar, pelo respeito à pessoa, que alcançou no judaismo (cf. 2Mc 2,1-12; 15,15ss).

Podemos dizer que toda a vida subsequente de Israel sentiu, talvez mais do que de qualquer outro profeta, a influência deste homem extraordinário que, por assim dizer, resumiu em si a história do seu povo, as misérias, os sofrimentos e as grandezas.