sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A FORÇA DA EUCARISTIA NOS PRIMÓRDIOS, CONFORME O ALIMENTO DO PROFETA ELIAS, EM 1Rs 19,4-10


Anjo acordando o Profeta Elias

Introdução da Monografia, apresentada no Instituto Superior de Ciências Religiosas, da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, em setembro de 2007.

A Força da Eucaristia nos primórdios, conforme o alimento do profeta Elias, em 1Rs 19,4-10, é o tema que nos propomos a estudar e que serve de estímulo à caminhada do Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão (MESC). Em cada doente que visita, recai sobre si a importância de ser o portador deste alimento, fazendo por vezes, de modo imerecido, o papel do anjo que interpela o profeta junto ao junípero[1]: “levanta-te e come!”, pois o caminho é longo, acrescentamos, até a casa do Pai. Este é o conforto que o MESC leva a cada doente, alguns acamados por longo tempo, sem poder levantar; e quando o MESC sai desse encontro pessoal, reflete sobre a miséria humana: “não somos nada, mas podemos ser tudo com a Força da Eucaristia, que nos faz caminhar, assim como fez com o profeta”. Esta é uma leitura da Força da Eucaristia, a partir do trecho do primeiro livro dos Reis que serve a outras tantas situações que percebemos nos dias de hoje.

Partindo do profeta Elias em seu tempo, percorreremos até o momento em que ele se alimenta do pão oferecido pelo anjo (1Rs 19,4-10). E, a partir desse alimento verdadeiro, o vigor do profeta será renovado, sendo prenuncio da “Força da Eucaristia”, o mesmo alimento que recebemos em cada celebração eucarística, para dar sentido a nossa Missão.

Nosso objetivo, portanto, será demonstrar por que não devemos desanimar. As pessoas, não raro, estão desanimadas, intranqüilas, com diversos problemas e há um caminho a seguir. Gratuitamente este dom é multiplicado a cada domingo como uma força capaz de animar quem está desanimado, deixar em paz aquele que está intranqüilo. Deste modo, como animar o homem de hoje para a importância do alimento eucarístico? Como mostrar ao homem de hoje “saber reconhecer o chamado de Deus na sua vida?” e como ele, após esta comunhão com Deus pode realizar maravilhas?

À luz da mudança realizada por Deus, através do alimento, na vida do profeta Elias é possível uma mudança radical em nossas vidas a partir da participação, em estado de graça, da comunhão eucarística.

Para o desenvolvimento desta nossa reflexão, no primeiro momento, será dado um enfoque bíblico sobre o tempo histórico do profeta Elias e sobre o próprio profeta e seus prodígios: a previsão da seca; como ele é alimentado pelos corvos; a multiplicação da farinha e do óleo e a ressurreição do filho da viúva. Depois de tudo, o profeta é obrigado a fugir e sente a dor, o medo e a incerteza, apresentando-se, desta forma, como estava o profeta antes do alimento verdadeiro. No segundo momento, em um aspecto bíblico-litúrgico deparamos com o chamado de Deus, onde o profeta, ainda sem entender, tem, como nós, que comer para viver. Depois, a insistência do anjo de Deus e a resposta de Elias, dando provas de que vale à pena se alimentar daquele pão. No terceiro momento, após a caminhada e o encontro com Deus no Horeb, vemos o vigor renovado no profeta e o texto nos apontando o Pão da Vida Verdadeiro, útil ao profeta e a cada um de nós. Caminhando agora apoiados em aspectos litúrgicos-pneumatológicos, apresentamos a “força” que promana da Eucaristia. Ou seja, o mesmo Espírito de Deus, que se faz alimento, para dar vigor ao profeta é o mesmo Espírito que nos impele à Missão.
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[1] O junípero é um pinheiro nativo do norte da Europa, de regiões bem frias. É uma arbórea de pequeno porte, de tronco ereto e rígido. Suas folhas são de coloração verde escuro, formando uma escama, parecida com as folhas da araucária. Seus frutos são verdes inicialmente, e à medida que vai amadurecendo vai se modificando para uma coloração anil, chegando até a cor preta.

domingo, 8 de novembro de 2009

MARIA, “ESTRELA DA EVANGELIZAÇÃO”


Maria, Estrela da Evangelização

Aconteceu em Aparecida a 36ª Assembléia Nacional das Congregações Marianas do Brasil, onde algumas decisões foram tomadas. Àquela que mais tocou, foi a escolha do tema para o Dia Nacional 2010. Entre quatro propostos, saiu vencedor por um voto o tema: Congregados(as) Marianos(as), com Maria, consagrados à missão.

Desta forma a Confederação Nacional propõe aos congregados marianos de todo o Brasil, um olhar sobre si mesmo, na sua Congregação e/ou Federação, ou seja, um rever o seu “Sim” que o compromete como consagrado a Virgem Maria, e se, a consagração, está frutificando em missão.

Mas, sobre o tema, falaremos em outra ocasião.

Empolgado com o re-encontro dos amigos de fita azul, abraços apertados de uma rara amizade e a sensibilidade de estar na casa da Mãe Aparecida, motivo de toda esta unidade.

Pego um texto mariano e me deparo com a exortação apostólica Evangelii Nuntiandi do Papa Paulo VI, onde exalta Maria como “Estrela da Evangelização”.

Título que permite passar por alguns significados, para apresentar o Seu papel de Evangelizadora:

1º) Porque historicamente participou do papel de Mãe no início da Igreja (Evangelizando as nações);

2º) Por sua maternidade, que é modelo e figura da Igreja;

3º) Por sua vida evangélica, que é um testemunho vivo da doutrina de seu Filho.

Por que o Santo Padre utiliza este título: - Porque,“na manhã de Pentecostes, Ela presidiu com sua oração o início da evangelização, sob a ação do Espírito Santo, que a Igreja, dócil ao mandamento de seu Senhor, deve promover e cumprir, sobretudo nestes tempos difíceis mas cheios de esperança” (EN 82).

Também, neste relacionamento Maria-Igreja, como sua figura, o Papa João Paulo II na alocução no Santuário de Nossa Senhora da Alvorada, Guayaquil, 31 de janeiro de 1985, pronunciou as seguintes palavras: “Maria e a Igreja são templos vivos, santuários e instrumentos por meio dos quais se manifesta o Espírito Santo. Gera de maneira virginal o Salvador: Maria leva a vida em seu seio e gera virginalmente; a Igreja dá a vida na água batismal, nos sacramentos e no anúncio da fé, gerando-a no coração dos fiéis”.

Amigos, é bom termos em mente que a evangelização não se resume a uma técnica, com regras definidas; as técnicas devem estar dirigidas pastoralmente à comunicação da Palavra. O Papa Paulo VI, destacou “o testemunho de vida evangélica como uma das mediações necessárias para proclamar a Palavra de Jesus" (EN 41).

L.H.Rivas, “La Virgen Maria em El Nuevo Testamento”, nos diz: “Maria é a que serve de imagem arquetípica e princípio da Igreja: é a primeira evangelizadora que leva a Boa Notícia, derramando alegrias, bênçãos e o próprio Espírito Santo sobre os que a encontram pelo caminho, é o modelo do cristão nas bem-aventuranças, e serve de exemplo a todos aqueles que querem escutar a Palavra para conservá-la em um bom coração e dar frutos de perseverança”.

Pela intercessão materna, Maria também é evangelizadora (cf. o Encontro de Teologia Mariana da Argentina, doc. Final, 1981). E, essa missão evangelizadora de Maria, acontece de várias formas na Igreja: Liturgia, oração, nos santuários marianos e na orientação na libertação dos povos.

Que Maria, Estrela da Evangelização continue a guiar nossos caminhos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

PROFETA EZEQUIEL


Profeta Ezequiel - Congonhas, MG

No tempo de sua vocação em 593 aC, era relativamente jovem. Ezequiel (Yehezq’el, El (Deus) é forte) deveria ter nascido nos tempos da reforma de Josias (621aC), bem provavelmente em Jerusalém ou nas suas imediações.

A volta aos cultos estrangeiros, os trágicos acontecimentos até a grande deportação para o Exílio da Babilônia (597 aC), levaram Ezequiel a adesão ao profetismo (21-3,12).

Na linha doutrinal de seu Livro se destaca duas partes bem distintas: Ameaças (1-32) e Consolações (33-48). As ameaças se dão contra o povo de Judá (1-24) e contra os povos estrangeiros (25-32). Já as consolações, possuem conteúdo variado (33-39) e um conjunto unitário sobre a situação religiosa do novo Israel (40-48).

Ezequiel foi o primeiro dogmático do AT, ninguém se empenhou tanto em incutir a fundo alguns princípios da crença em Javé. Em sua doutrina, iremos destacar quatro pontos, com algumas subdivisões:

1) Transcendência e Natureza de Javé:
a) Glória e Santidade: O conceito de glória (kabôd), já há tempo em uso (Ex 6,7.10; 24,16s; Lv 9,6.23s; Nm 14,10.22; etc...), e valorizado também por Isaías (Is 6,3), Em Ezequiel torna-se o motivo da leitura para uma doutrina sobre Javé empenhada em recordar aos israelitas a infinita transcendência do próprio Deus e, por conseguinte, a superioridade da concepção religiosa deles. Mas, conceitualmente antes ainda da manifestação e domínio sobre o cosmo e sobre a vida, a glória de Javé é a sua própria santidade;

b) O nome de Javé: Como o povo está indo para o Exílio, solidão e silêncio envolvem a figura de Javé. Ezequiel quer mostrar a exaltação do nome de Javé, como a essência de suas várias ações, quer punitivas, quer salvadoras (4,13-16; 6,10; 7,8s; 11,10; 12,15s; etc...);

c) Espírito e Palavra: Para transpor o abismo entre Deus e o homem, Ezequiel utiliza os termos Espírito (rûah), princípio de vida, onde os ossos ressequidos receberão nova vida (37,5-9) e os israelitas serão interiormente purificados e renovados (11,19). O outro termo é Palavra (dabar). Ele, Ezequiel, se considera o portador das palavras de Javé que são transmitidas ao Povo de Israel;

2) O Novo Israel e a Vocação Messiânica:
a) Aliança (berît): Foi a Aliança do Sinai que selou a escolha das Tribos de Israel (Ez 16,8) e será uma Nova Aliança a relação que Javé terá com seu povo renovado (Ex 37,26s);

b) Castigo para as culpas de Israel: Uma verdadeira prova de castigo, as argumentações de Ezequiel constituem uma defesa da decisão tomada por Javé e recorre à história de Israel para comprovar suas afirmações;

c) O Novo Reino Teocrático: Discute-se a organização sócio-religiosa no novo Israel, Ezequiel previu a sobrevivência da monarquia davídica;

d) O Messias: Quatro textos de Ezequiel parecem entrar a figura de um Messias (servo de javé, pastor único, príncipe, rei). Ez 17,22ss; 21,30ss; 34,23s; 37,24s;

e) Responsabilidade individual: Esta instrução (18,1-31) é um esclarecimento de um princípio pelo qual os exilados criam ter perdido diante de Javé o direito a uma reconstrução nacional.

3) Religiosidade e Consolações:
a) Conversão: O novo Israel será o fruto, não só da vontade de Javé, mas também de um relacionamento mais forte entre ele e cada indivíduo, isto é, da conversão pessoal. O novo povo será constituído principalmente pela massa de exilados deportados e atualmente residentes na Babilônia, e não por aqueles que, por terem permanecido na Palestina, crêem ser a continuação do verdadeiro Israel (11,14-21; 14,21ss);

b) Nascimento do Novo Israel: O novo povo haverá de surgir não só dos exilados, mas também da participação de todas as tribos, todas já nos seus direitos e sem mais nenhuma distinção recíproca e rivalidade (11,14-21; 20,34; 36,23-32; c. 47s; 37,15-28). Todas terão o nome de Israel. O novo povo de Javé se realizará como uma verdadeira Igreja. Também para Ezequiel (cf. Jr 24,7) a conversão consiste essencialmente na criação de um “coração novo” e um “espírito novo” (36,26);

c) Vida e Morte: A questão da renovação javista por parte dos exilados pareceu a Ezequiel uma questão de vida ou morte, no sentido de que, se acaso se renovassem interiormente, os exilados receberiam a vida, e em caso contrário, a morte. (18,21-24; 33,10-20);

d) Bênçãos: Para alegrar a existência do novo povo, unido ao redor de Javé, e aumentar-lhe a felicidade e a paz, haverá bênçãos paradisíacas. Ricas de vigor e originalidade são as descrições de Ezequiel, tais como o oráculo sobre a fertilidade da Palestina após o regresso dos exilados (36,1-12.15; cf. 34,14.26s), e a visão do rio que dá vida, nascendo junto ao templo renovado (47,1-12).

4) Universalismo da salvação: Ezequiel exprimiu a sua visão universal da salvação também pelo simples fato de haver tido a revelação da glória de Javé em terra de exílio (1,1-28), dando a entender, com isto, que os pagãos, por si mesmos, não são piores do que o povo de Israel. Desta forma o profeta, deu a entender, que a história de Israel era a grande pregação para o mundo pagão se converter a Javé.

O Judaísmo tem em Ezequiel, a mais antiga documentação de idéias e de aspirações, a figura de um homem que trabalhou com fé e empenho superiores. Mas não é um livro fácil, onde merece, só isso, um aprofundamento cuidadoso.