quarta-feira, 28 de outubro de 2009

TRITO ISAÍAS (Is 56-66)


Transcendência de Deus, no Trito-Isaías

Completando a trilogia Isaíana, atribuída pelos biblistas a um autor desconhecido, que provavelmente viveu cerca de 450 aC, vamos destacar os Valores Religiosos vividos neste ambiente histórico, onde se situam o tempo da autoria desses onze últimos capítulos do Livro de Isaías, ou seja, a época pós-exílica.

O povo já se encontra em Jerusalém (57,5.7), em estado miserável (60,10); o Templo jaz destruído (64,9), mas já começou a reconstrução do Templo (66,1). A comunidade já não se encontra oprimida por inimigos externos, mas agitada por lutas internas (66,5). Tem-se a impressão de desconfiança e desilusão, porque os oráculos do Deutêro-Isaías não se haviam confirmados.

Neste sentido, quais são os Valores Religiosos e a mensagem doutrinária do Trito-Isaías? – São praticamente os dois pontos, que veremos a seguir:

1) Santidade e transcendência de Deus: No Trito-Isaías, põe-se em evidência a santidade de Deus (57,15), a quem se dá o título de Santo de Israel (60,14). Deste modo, tudo que está a serviço de Deus é divinizado, assim: o monte é santo (66,20), o Templo é santo (64,10), a cidade é santa (64,9) e o espírito é santo (63,11). O autor reconhece a função de Jerusalém como centro de culto, e escolhe o monte Sião (60,13; 62,1; 66,6), a proeminência de Israel (63,8.16s) e o dia do julgamento que traz ao mesmo tempo castigo e salvação (56,1; 60,1s). Deus é Pai (63,16) e estabelece novo pacto com o seu povo (61,8s).

2) Demora da salvação e visão do futuro: A salvação exprime-se na reconstrução do Templo (60,13.17); na restauração dos muros de Jerusalém (60,10); no regresso dos judeus da diáspora (60,4.9); na afluência das riquezas dos povos para a cidade santa (60,7; 66,12) e na peregrinação dos pagãos ao monte Sião (60,5).

É como uma nova criação, mais ampla (65,17-25; 66,22). Também os prosélitos e os eunucos israelitas a serviço das cortes estrangeiras participarão de pleno direito à salvação. Os povos estão ocupados no trabalho da reconstrução do Templo (60,10), do pastoreio e dos campos (61,5), a serviço de Israel. No centro da visão do futuro fulge a glória de Deus, que está presente na presente na Cidade Santa e a ilumina (60,19s), enquanto o Templo é aberto a todos os povos como casa de oração (56,7).

Tenhamos um olhar voltado ao Profeta por Excelência (Isaías - Deutêro-Isaías - Trito-Isaías). O que importa, é saborearmos as palavras deste porta-voz de Deus.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

NOTAS CARACTERÍSTICAS DA ESPIRITUALIDADE MARIANA - RV,13



O centro da espiritualidade própria do Congregado Mariano é a busca permanente de viver a radical novidade cristã que promana do Batismo”, a qual leva o fiel à participação na vida divina pela Graça, à união pessoal com Cristo e com seu corpo que é a Igreja e à vida espiritual marcada pela unção e ação interior do Espírito Santo. – RV,13.

Quando somos batizados, somos imersos na água, ou seja, imersos na morte de Cristo e ressurgimos com Ele como nova criatura, cf. 2Cor 5,17: “Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!”. Conforme escrevia Paulo a Tito, cf. Tt 3,5: “... ele nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo”. Ainda, em Ef 5,8: "Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes".

Este deve ser o centro da espiritualidade do congregado mariano, conforme nossa Regra de Vida, nº 13, citado acima, onde, em nossas vidas, devemos fazer nova todas as coisas, sermos novas criaturas, ou seja, morrermos para o pecado e sermos luzes para este mundo tão cheio de trevas.

Maria Santíssima, aponta este caminho com sua vida de entrega, quando diz o “SIM” na Anunciação, se colocando disponível para servir ao Cristo por toda a vida.

Inácio de Loyola, também nos aponta o caminho, dizendo que em tudo devemos amar e servir.

Parece, que se tocam a espiritualidade de Inácio com a de Maria, com a da Igreja onde deve servir o congregado mariano.

As dificuldades são imensas, mas não devemos esmorecer e sim sermos fiéis aos ideais de Inácio, aos exemplos da Virgem e imitadores de Cristo. Pois somente desta maneira, estaremos participando na vida divina pela Graça.

E o que é a Graça? – Dom gratuito de Deus para nos tornar participantes da sua vida trinitária (CIC 1996), e deste modo passamos a agir em nossos ambientes por amor a Ele, pois, entoamos em nosso hino “Jesus é o centro de toda história”. Deste modo a Graça faz nascer a resposta livre no homem, o seu “Sim”, para sermos colaboradores com a Perfeição de Cristo.

Na Graça, com Cristo, por Cristo e em Cristo unimos à Igreja, um só povo, um só coração, para fazer o amor de Deus pulsar no mundo, pela força do Espírito Santo.

Nesses tempos difíceis que estamos vivendo, onde do caminho de casa para o trabalho. Uns quinze minutos de caminhada. Sempre há um, dois, três pedintes, sempre há pobres dormindo pelo chão. Vivemos, assustado pela barbárie da violência. Depois, da janela do prédio que trabalho, no bairro do Maracanã, próximo ao maior estádio de futebol do mundo, palco da Copa do Mundo em 2014, avistamos o morro da Mangueira (que outrora cantávamos que o seu cenário é uma beleza), vemos dois helicópteros em vôos rasantes, caçando bandidos, com granadas e tudo. Paro! Reflito sobre as cenas vistas desde o momento que saí de casa, e, como a Virgem Maria, medito em meu coração: “Tudo é fruto da corrupção” a nível Nacional, Estadual, Federal. Parece que não tem fim.

Unir nossas fileiras para o bom combate. Avante congregados!

Salve Maria!

sábado, 17 de outubro de 2009

AS TRÊS COLOCAÇÕES DO ANJO – Lc 1,28


Missa na Igreja do local da Anunciação do Anjo a Maria, em Nazareth (Israel).

Em uma sociedade, onde não raro, a corrupção prevalece sobre a honestidade. Onde, poucos possuem acesso à educação, onde os valores familiares estão sendo destruídos. Onde, uma onda de agitação convoca a produzirmos e consumirmos mais.

Hoje, um sábado (17.out.09), a cidade do Rio de Janeiro, de modo especial a zona norte, está em pânico, devido aos embates entre o tráfico de drogas e Polícia Militar, cada dia uma novidade, hoje conseguiram derrubar um helicóptero da Policia, onde dois policiais morreram.

Mas, no meio de todas estas desmoralizações, a que somos submetidos, ainda ficamos felizes, pois amanhã (domingo), Dia do Senhor, estaremos na Diocese de Duque de Caxias, em São João de Meriti, para partilhar com congregados marianos e juventude mariana, sobre as três colocações proferidas pelo anjo do Senhor a Virgem Maria.

Contemplamos Nossa Senhora que “enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, com os esplendores duma santidade singular, a Virgem de Nazaré é saldada pelo anjo, da parte de Deus, como cheia de graça (Lc 1,28). Deste modo, Maria, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus e, não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, á pessoa e à obra de seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele, servindo pela graça de Deus onipotente o mistério da Redenção. Por isso, consideram com razão os Santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens” – LG 56.

A Anunciação a Maria e a Encarnação do Verbo (fato maravilhoso, o mistério das relações de Deus com os homens e acontecimento mais transcendente da História da Humanidade). Que Deus se faça homem e para sempre! Até onde chegou a bondade, a misericórdia e o amor de Deus por nós, por todos nós! E, não obstante, no dia em que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade assumiu a débil natureza humana das entranhas puríssimas de Maria Santíssima, nada extraordinário acontecia, aparentemente, sobre a face da terra.

Desta forma, partindo da leitura de Lc 1,26-28: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”.

Nos basta, estas três colocações: “Ave” – “cheia de graça” – “O Senhor é contigo”.

Chaire Kecharitomene (Ave, cheia de graça)) São as primeiras palavras que Maria escuta do Anjo do Senhor. Estas palavras são o início de nossa fé, que se prolongará em: Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição.

O Anjo do Senhor faz chegar a Maria uma saudação profética: “Alegra-te! Sim alegra-te”. É um convite à alegria messiânica. Conforme no Antigo Testamento nos falara através do profeta Zacarias, em Zc 9,9-10: “Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta. Ele suprimirá os carros de guerra na terra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém. O arco de guerra será quebrado. Ele proclamará a paz entre as nações, seu império estender-se-á de um mar ao outro, desde o rio até as extremidades da terra”.

Contemplemos a cena, e vemos que em Maria se vai cumprir a profecia de Zacarias.

O anjo, desde a primeira colocaçãoAve”, põe Maria a par de que algo maravilhoso vai ocorrer. Sf 3,14: “Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém”!

Salve!”: Literalmente o texto grego diz: Alegra-te! (Chaire). É claro que se trata de uma alegria totalmente singular pela notícia que Lhe vai comunicar a seguir.

A segunda colocação do enviado “cheia de graça” é uma denominação para Maria. Entre os judeus, o nome da pessoa está vinculado a missão que esta irá exercer. Ex: Abrão para Abraão = Pai da multidão; Sarai (minha princesa) para Sara (mãe fecunda); O nome de Jacó muda para Israel (aquele que luta com Deus); Simão para Pedro (Pedra) e Maria é Cheia de Graça (favorita de Deus).

Cheia de graça”: O Arcanjo manifesta a dignidade e a honra de Maria com esta saudação desusada. Os Padres e Doutores da Igreja “ensinaram que com esta singular e solene saudação, jamais ouvida, se manifestava que a Mãe de Deus era assento de todas as graças divinas e que estava adornada de todos os carismas do Espírito Santo”, pelo que “jamais esteve sujeita a maldição”, isto é, esteve imune de todo o pecado. Estas palavras do Arcanjo constituem um dos textos em que se revela o dogma da Imaculada Conceição de Maria, ocorrido em 8.dez.1854. (Cfr Ineffabilis Deus, nº 14).

A terceira colocação do anjo “O Senhor está contigo”, que encerra um sentido oculto a primeira vista. Mas, faz referência a profecia de Isaías 7,14: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco”.

O Senhor está contigo”: Estas palavras não tem um mero sentido de súplica (o Senhor esteja contigo), mas afirmativo (o Senhor está contigo), e em relação muito estreita com a Encarnação. Santo Agostinho glosa a frase “o Senhor está contigo” pondo na boca do arcanjo estas palavras: “Mais que comigo, Ele está no teu coração, forma-Se no teu ventre, enche a tua alma, está no teu seio”.

As três colocações possuem uma chave maravilhosa e estão repletas de riquezas: - Alegra-te, filha de Sião, o Messias está por chegar; foste agraciada por Deus e Ele estará contigo. Perguntamos: Será que a Virgem percebeu este conteúdo? Será que foi a causa de sua inquietação?

Maria começa a refletir sobre a maravilha que acabara de ouvir. O Anjo do Senhor em complemento amplia a mensagem e tornando a mesma mais clara, facilitando, desta forma, o entendimento de Maria. Cf. Lc 1,30-33: “O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”.

Maria, Virgem, escuta atentamente a palavra do Anjo e começa entender o sentido messiânico desta palavra.

No interior da Virgem surge algo que lhe toca, podemos até associar com o oráculo do profeta Jeremias, cf. Jr 31,3: “De longe me aparecia o Senhor: amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor”.

Maria continua confusa, sente-se surpresa, diante da magnitude que está ocorrendo. Ela tem um respeito temente, diante do espanto que aquelas palavras produzem. Seu Filho seria o Messias tanto tempo esperado por Israel. Apesar do assombro, Maria compreende, mas com um conhecimento transcendental (assentimento da fé). É a invasão súbita do maravilhoso na sua consciência, ou seja, é Deus mesmo iluminando internamente Maria. Sf 3,14-15: “Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça”.

Mas, esta primeira intuição vai crescendo e se desenvolve, e no meio de toda esta agitação. Maria toma consciência de sua consagração virginal e pergunta a si própria e ao anjo. Lc 1,34: “Como se fará isso, pois não conheço homem”?

Maria pergunta, não porque tem dúvida, mas sim com o desejo de maior luz, pois Ela não podia entender, como ocorreria esta maternidade, já que tinha feito o propósito de não conhecer homem algum. Esta pergunta, ao anjo, esclarece o segredo de Maria.

Quem melhor expressa este sentir de Maria, será Santo Agostinho (+430): “Por isso é mais aceita e agradável a virgindade de Maria, pois antes de conceber o Cristo, Maria já era consagrada a Deus. Assim, se desliga de sua resposta ao anjo que lhe anunciava que daria à luz um Filho... coisa que não teria certamente dito, se antes não se houvesse consagrado a Deus”. E para não causar escândalo junto aos israelitas, continua o Santo de Hipona: “foi desposada com um homem justo, não para privar o que já havia prometido (a virgindade), mas para preservá-la de toda a violação”.

Alguns importantes manuscritos gregos e versões antigas acrescentam no fim: “Bendita tu entre as mulheres”: Deus exaltá-La-ia assim sobre todas as mulheres. Mais excelente que Sara, Ana, Débora, Raquel, Judite etc..., pelo fato de que só Ela tem a suprema dignidade de ter sido escolhida para ser Mãe de Deus.

Já dizia Santo Ambrósio de Milão (doutor da Igreja, + 397): “Não diz a Sagrada Escritura, apenas que uma Virgem conceberá, mas também que uma Virgem dará à luz. Pois, o que é a porta do templo”? Ez 44,1s: “Ele reconduziu-me ao pórtico exterior do santuário, que fica fronteiro ao oriente, o qual se achava fechado. O Senhor disse-me: Este pórtico ficará fechado. Ninguém o abrirá, ninguém aí passará, porque o Senhor, Deus de Israel, aí passou; ele permanecerá fechado”.

Não é Maria esta porta, pela qual o Salvador entrou no mundo... ela que concebeu e deu à luz como virgem”.

Com grande simplicidade narra São Lucas o magno acontecimento. Com quanta atenção, reverência e amor temos de ler estas palavras do Evangelho, rezar piedosamente o Angelus cada dia, seguindo a divulgada devoção cristã, e contemplar o primeiro mistério gozoso do Santo Rosário.

Esqueçamos a violência de nossa cidade e pratiquemos em nossos ambientes o Amor de Deus. Salve Maria!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

AFINAL, QUEM É MARIA?


"Imagem da Imaculada Conceição na Igreja de São José (localizada, de acordo com antigas tradições, sobre a oficina de carpinteiro da Sagrada Família. Mais tarde a tradição identificou este lugar como a casa de José e Sagrada Família - Nazareth (Israel)".

Nos dias de hoje, é comum quem não entenda a figura de Maria, diante do culto que prestamos a Ela. Há os que se desconcertam diante de Maria; Há os que não sabem o que pensar, o que sentir, nem o que fazer. As pessoas e até muitos cristãos respeitam Maria, mas permanecem confusos, porque não entendem o significado prático que Maria possa vir trazer a suas vidas.

Muitos vêem Maria, como um objeto de estudo, como um ícone importante, só uma imagem em um altar, mas não conseguem enxergar Maria Santíssima como uma pessoa real envolvida por uma explícita e gratuita vontade de Deus na história da Salvação.

Afinal, quem é Maria?

Maria é uma pessoa real, que influi agradavelmente na intimidade da Igreja e de seus fiéis, para ajudá-los na peregrinação e conformação com o Senhor Jesus. Por isso a chamamos por “Mãe da Graça” ou “Mãe da Misericórdia”.

Como dizia Santo Alberto Magno,OP (séc. XIV): “Maria é Mãe que concebe, por sua compaixão, os filhos da Igreja, e os forma com sua caridade”. Também, os primeiros cristãos, nas primeiras comunidades, descobriam a Mãe à medida que descobriam o mistério do Senhor Jesus, que era a Palavra feito carne.

Amigos! Prestem atenção na tradição viva de nosso povo! Leiam e entendam os ensinamentos do Concílio Vaticano II, que nos aponta os alcances do amor maternal da Virgem Maria.

Um teólogo, falou um dia: “O Concílio de Éfeso foi o Concílio da Maternidade Divina de Maria, e o Concílio Vaticano II foi o Concílio de sua Maternidade Espiritual e Eclesial”. E, ainda, há aqueles que não entendem a presença maternal de Maria. Uma pena!

Basta um olhar sobre a sociedade e sentimos o desconhecimento do próprio Cristo, e em muitos casos apenas um conhecimento superficial. Conforme nos falava, o teólogo alemão, do séc. XX, Michael Schmaus: “Uma falsa interpretação de Cristo conduz... forçosamente a uma falsa interpretação de Maria. Assim, em Maria, fica manifesto quem é Cristo e o que faz”.

Então! Você concorda, que aproximar-se de Cristo é aproximar-se de Maria? – Ela, é a garantia de uma aproximação completa, pois nos faz compreender e viver a totalidade dos mistérios de Cristo.

Também nos dizia, o Papa Pio X (Papa da Eucaristia, pontificado de 1903-1914): “Não há caminho mais seguro e fácil pelo qual os homens podem chegar a Cristo que Maria”. Bem como, nos falava o Papa Paulo VI (pontificado de 1963-1978): “Já que Maria deve com razão ser considerada como o caminho pelo qual somos levados a Cristo, a pessoa que encontra Maria não tem outro remédio a não ser também encontrar a Cristo”. Ainda, ao encerrar o Concílio, Paulo VI, afirmava: “A verdadeira doutrina católica sobre a Virgem Maria será sempre a chave para a exata inteligência do mistério de Cristo e da Igreja”.

A Cristo, por Maria, pela Família Unida!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

CONTEMPLEM AS COISAS


Flores do Jardim do Santuário de Bahai, próximo ao Monte Carmelo - Haifa (Israel) 

Em visita ao Egito e a Terra Santa, em julho de 2009, conheci alguém, que como eu, estava só e em Deus. Tudo era novo: os lugares, o clima, a paisagem. Experimentávamos, o contato real, que admitia a nossa fé.

Em certo momento, convidei a amiga Maria Helena, a cantar comigo a Oração de Santo Inácio de Loyola e fazíamos como uma novena, pois 31 de julho, o dia de nossa volta era o dia que a Igreja festeja a memória do Santo.

Foi bonito, contemplativo, tendo seu ponto alto na Igreja de Sant'Ana (Jerusalém) com uma acústica formidável, onde pudemos cantar, rezar mais uma vez a Oração de Inácio, onde outros vieram e tendo a frente Jesus Sacramentado, pedíamos ao Senhor que tomasse e recebesse toda a nossa liberdade, memória, entendimento e vontade. E, agradecidos louváva-mos ao Senhor por tudo o que temos e possuimos, foi Ele, o Senhor que nos deu pelo Seu Amor.

Deste modo, agradecíamos os dons que D'Ele recebemos e estávamos ali, em cada oração, com gratidão devolvendo os dons recebidos e pedia a Jesus que dispusesse deles segundo a Sua vontade e não a nossa.

E pedíamos, como Inácio, fizera um dia. "Dai-me somente, o vosso amor, a vossa graça. Isso nos basta, nada mais queremos pedir". Concluíamos a nossa oração, com um Pai Nosso e uma Ave Maria. E assim, passamos pela Terra Santa.

Faço questão de registrar a amizade, pois conversávamos sobre Música Clássica, Poesia e Flores. E como devíamos trabalhar em nossas vidas a Contemplação. Em Nazareth, ficamos até tarde degustando um bom vinho da Galiléia.

Em um determinado momento da viagem, parei para escutar a poesia "Contemplem as coisas" de Maria Alice Penna, declamada, na ponta da língua, de cor (coração) pela amiga Maria Helena. Confesso, que fiquei intrigado. Eu, gastando meu latim, para explicar o que era contemplação. Ela, a amiga, fazia soar em meus ouvidos, através de uma poesia, algo melhor que eu poderia explicar. Aprendi mais uma. 

Segue abaixo a poesia "contemplem as coisas", que a amiga Maria Helena, em um momento de nossa oração, na Terra Santa, me passou. Que Deus a abençoe amiga!

Vocês que são inteligentes,
Saberão distinguir, observar
A imensa diferença que separa
Esses dois verbos “ver” e “contemplar”?

Ver é a ação mecânica dos olhos
Focalizando a vista, é enxergar,
Contemplar, entretanto é ação da alma
Que se esforça por tudo registrar.

Quem, apenas enxerga, vê por alto,
Não está empenhado em observar
Conhece as coisas só pela metade,
Nunca será capaz de analisar.

Quem, ao contrário,se concentra a fundo
Na difícil ação de contemplar
Percebe coisas que aos demais escapam
Aprende tudo o que a vida ensinar

Experimentem contemplar as coisas,
Penetrar-lhes o intimo sentido,
Exercitando a alma e a inteligência
Em perceber-lhe todo o colorido!

Se assim fizerem, isto eu lhes garanto,
Fontes de encanto brotarão da terra,
E então compreenderão, mudos de espanto,
Toda pujança que esta vida encerra!
Todo universo é ordem e beleza
Que se oferece a essa contemplação
Respeitemos a força e a profundeza
Do mistério sem par da Criação!