sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ISAÍAS - DÊUTERO ISAÍAS (Is 40-55)


O contexto histórico desses capítulos são do século VI AC, época do exílio babilônico. O autor não se dirige aos habitantes de Jerusalém, mas aos exilados que se encontram na Babilônia (40,3ss; 41,17-20). O Templo e a Cidade Santa acham-se destruídos há tempo (44,26ss; 49,8.16ss; 51,3). Além destas razões históricas, que acarretam razões literárias e doutrinais, podemos dizer que o autor do Dêutero-Isaías, trata-se de um anônimo, talvez discípulo de Isaías.

Observando o fundamento da mensagem religiosa do Dêutero-Isaías, que foi inspirado no primeiro Isaías, podemos destacar oito pontos, conforme a seguir:

Javé Criador: Javé é o primeiro e o último, o único e o eterno (41,4; 43,10ss; 44,6; 48,12), o incomparável (40,18.25; 40,8; 45,5s). Ele é todo-poderoso e conhecedor de tudo; a ele subordinam-se todas as criaturas; também as grandes potências nada são diante dele (40,14ss.21ss). O Autor fala desta maneira, pois o povo está no exílio. Prega falando que a libertação deles deve ser vista como uma nova criação, pois Javé é o mesmo que tudo criou.

A palavra: A Palavra todo-poderosa de Deus, jorra da mente e do coração. Mediante a Palavra de Deus a nova criação será repetida e acontecerá a redenção de Israel (cf. 40,1-11 e 55,10s).

Monoteísmo teórico: Somente Javé é Deus. Os ídolos, os deuses da Babilônia, nada são, pois não passam de obra das mãos humanas (40,19s; 41,6s.21-24; 44,6-20; 46,5s). Desta forma, o Dêutero-Isaías é o primeiro profeta que prova a unicidade de Deus pelas profecias, fazendo uma distinção nítida entre duas épocas, a antiga e a nova.

A redenção: A palavra criadora de Javé chega a Israel no exílio e realiza a redenção. A Babilônia cai (c. 47); os exilados retornam a pátria (43,5s; 49,17s.22s); Jerusalém e o Templo serão reconstruídos (44,28; 45,13; 52,9; 54,11s); Será que Israel merecia esta graça? (42,18-25); o povo foi infiel (43,22s); não tiveram sinceridade com Javé (48,1s). Mas, Javé se compadece (40,2; 44,22; 55,7), pois é o criador de Israel (41,4; 46,4; 48,12), o seu redentor (41,14, 43,11-15; 44,6). Javé possuí amor paterno com o povo (43,6; 44,2; 46,3; 49,14s) e conjugal (50,1s; 54,4-10).

A comunidade renovada: O povo retorna, é a comunidade de Sião, que gozará de profunda paz e prosperidade por parte de Deus. Javé derramará sobre ela o seu espírito e a sua bênção (44,3) e estabelecerá com ela uma nova aliança.

A missão de Israel: O universalismo do Dêutero-Isaías atinge o ponto culminante nos cânticos do Servo de Javé, que proclama a justiça às nações (42,1) e é uma luz de salvação que se difunde até os confins da terra (49,6). Os pagãos haverão de pasmar ante a humilhação e a exaltação do Servo (49,7; 51,4ss; 52,14).

O novo êxodo: A libertação de Israel será o novo êxodo, que supera em superioridade ao da saída do Egito (41,17ss; 42,16; 43,2.16ss; 48,21; 49,10; 51,10), e como uma marcha através do deserto (43,15ss; 48,21; 51,9s).

A vinda de Deus: A epifania, a vinda do próprio Deus, que avança a frente dos exilados carregando nos braços as suas ovelhas (40,9ss).

O Dêutero-Isaías é uma síntese sobre a criação do mundo, a história da redenção e sobre a escatologia, ultrapassando de certa forma os profetas antecessores, alcançando assim, uma visão unitária e teocêntrica, que é a concepção bíblica do mundo.

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