Profeta Ezequiel - Congonhas, MG
No tempo de sua vocação em 593 aC, era relativamente jovem. Ezequiel (Yehezq’el, El (Deus) é forte) deveria ter nascido nos tempos da reforma de Josias (621aC), bem provavelmente em Jerusalém ou nas suas imediações.
A volta aos cultos estrangeiros, os trágicos acontecimentos até a grande deportação para o Exílio da Babilônia (597 aC), levaram Ezequiel a adesão ao profetismo (21-3,12).
Na linha doutrinal de seu Livro se destaca duas partes bem distintas: Ameaças (1-32) e Consolações (33-48). As ameaças se dão contra o povo de Judá (1-24) e contra os povos estrangeiros (25-32). Já as consolações, possuem conteúdo variado (33-39) e um conjunto unitário sobre a situação religiosa do novo Israel (40-48).
Ezequiel foi o primeiro dogmático do AT, ninguém se empenhou tanto em incutir a fundo alguns princípios da crença em Javé. Em sua doutrina, iremos destacar quatro pontos, com algumas subdivisões:
1) Transcendência e Natureza de Javé:
a) Glória e Santidade: O conceito de glória (kabôd), já há tempo em uso (Ex 6,7.10; 24,16s; Lv 9,6.23s; Nm 14,10.22; etc...), e valorizado também por Isaías (Is 6,3), Em Ezequiel torna-se o motivo da leitura para uma doutrina sobre Javé empenhada em recordar aos israelitas a infinita transcendência do próprio Deus e, por conseguinte, a superioridade da concepção religiosa deles. Mas, conceitualmente antes ainda da manifestação e domínio sobre o cosmo e sobre a vida, a glória de Javé é a sua própria santidade;
b) O nome de Javé: Como o povo está indo para o Exílio, solidão e silêncio envolvem a figura de Javé. Ezequiel quer mostrar a exaltação do nome de Javé, como a essência de suas várias ações, quer punitivas, quer salvadoras (4,13-16; 6,10; 7,8s; 11,10; 12,15s; etc...);
c) Espírito e Palavra: Para transpor o abismo entre Deus e o homem, Ezequiel utiliza os termos Espírito (rûah), princípio de vida, onde os ossos ressequidos receberão nova vida (37,5-9) e os israelitas serão interiormente purificados e renovados (11,19). O outro termo é Palavra (dabar). Ele, Ezequiel, se considera o portador das palavras de Javé que são transmitidas ao Povo de Israel;
2) O Novo Israel e a Vocação Messiânica:
2) O Novo Israel e a Vocação Messiânica:
a) Aliança (berît): Foi a Aliança do Sinai que selou a escolha das Tribos de Israel (Ez 16,8) e será uma Nova Aliança a relação que Javé terá com seu povo renovado (Ex 37,26s);
b) Castigo para as culpas de Israel: Uma verdadeira prova de castigo, as argumentações de Ezequiel constituem uma defesa da decisão tomada por Javé e recorre à história de Israel para comprovar suas afirmações;
c) O Novo Reino Teocrático: Discute-se a organização sócio-religiosa no novo Israel, Ezequiel previu a sobrevivência da monarquia davídica;
d) O Messias: Quatro textos de Ezequiel parecem entrar a figura de um Messias (servo de javé, pastor único, príncipe, rei). Ez 17,22ss; 21,30ss; 34,23s; 37,24s;
e) Responsabilidade individual: Esta instrução (18,1-31) é um esclarecimento de um princípio pelo qual os exilados criam ter perdido diante de Javé o direito a uma reconstrução nacional.
3) Religiosidade e Consolações:
a) Conversão: O novo Israel será o fruto, não só da vontade de Javé, mas também de um relacionamento mais forte entre ele e cada indivíduo, isto é, da conversão pessoal. O novo povo será constituído principalmente pela massa de exilados deportados e atualmente residentes na Babilônia, e não por aqueles que, por terem permanecido na Palestina, crêem ser a continuação do verdadeiro Israel (11,14-21; 14,21ss);
b) Nascimento do Novo Israel: O novo povo haverá de surgir não só dos exilados, mas também da participação de todas as tribos, todas já nos seus direitos e sem mais nenhuma distinção recíproca e rivalidade (11,14-21; 20,34; 36,23-32; c. 47s; 37,15-28). Todas terão o nome de Israel. O novo povo de Javé se realizará como uma verdadeira Igreja. Também para Ezequiel (cf. Jr 24,7) a conversão consiste essencialmente na criação de um “coração novo” e um “espírito novo” (36,26);
c) Vida e Morte: A questão da renovação javista por parte dos exilados pareceu a Ezequiel uma questão de vida ou morte, no sentido de que, se acaso se renovassem interiormente, os exilados receberiam a vida, e em caso contrário, a morte. (18,21-24; 33,10-20);
d) Bênçãos: Para alegrar a existência do novo povo, unido ao redor de Javé, e aumentar-lhe a felicidade e a paz, haverá bênçãos paradisíacas. Ricas de vigor e originalidade são as descrições de Ezequiel, tais como o oráculo sobre a fertilidade da Palestina após o regresso dos exilados (36,1-12.15; cf. 34,14.26s), e a visão do rio que dá vida, nascendo junto ao templo renovado (47,1-12).
4) Universalismo da salvação: Ezequiel exprimiu a sua visão universal da salvação também pelo simples fato de haver tido a revelação da glória de Javé em terra de exílio (1,1-28), dando a entender, com isto, que os pagãos, por si mesmos, não são piores do que o povo de Israel. Desta forma o profeta, deu a entender, que a história de Israel era a grande pregação para o mundo pagão se converter a Javé.
O Judaísmo tem em Ezequiel, a mais antiga documentação de idéias e de aspirações, a figura de um homem que trabalhou com fé e empenho superiores. Mas não é um livro fácil, onde merece, só isso, um aprofundamento cuidadoso.
O Judaísmo tem em Ezequiel, a mais antiga documentação de idéias e de aspirações, a figura de um homem que trabalhou com fé e empenho superiores. Mas não é um livro fácil, onde merece, só isso, um aprofundamento cuidadoso.
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