domingo, 30 de agosto de 2009

FILOSOFIA OCIDENTAL

FILOSOFIA ANTIGA
PERÍODO:
Séc. VI aC a Séc. II-III dC.

PRINCIPAIS AUTORES:
Tales, Heráclito, Pitágoras, Parmênides, sofistas, Sócrates, Platão, Aristóteles, estóicos, epicuristas, Cícero, Sêneca, Plotino

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
  • Superação do Mito;
  • Leitura Racional do Mundo;
  • Valorização do homem;

DESTAQUE: Idéias


FILOSOFIA MEDIEVAL
PERÍODO:
Séc. II-III DC a Séc XV

PRINCIPAIS AUTORES:
Clemente, Orígenes, Gregório de Nissa, Agostinho, Anselmo de Aosta, Pedro Abelardo, Alberto Magno, Tomás de Aquino, Boaventura, Scoto, Guilherme de Ockham.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
  • Busca da conciliação entre as verdades da fé e as verdades da razão;
  • Teocentrismo;

DESTAQUE:


FILOSOFIA MODERNA
PERÍODO:
Séc. XVI a Séc. XVIII

PRINCIPAIS AUTORES:
Bacon, Descartes, Leibniz, Spinoza, Pascal, Hobbes, Loccke, Hume, Montesquieu, Rousseau, Voltaire, Kant.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
  • Separação entre fé e razão;
  • Rejeição do passado;
  • Desenvolvimento da crítica;
  • Confiança na razão;
  • Antropocentrismo;

DESTAQUE: Razão


FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
PERÍODO:
Séc. XIX aos dias de hoje

PRINCIPAIS AUTORES:
Fichte, Marx, Hegel, Kierkegaard, Comte, Schopenhauer, Nietzsche, Bergson, Husserl, Scheler, Jaspers, Heidegger, Russell, Maritain, Marcel, Sartre, Apel, Lévinas, Ricoeur, Habermas, Deleuze.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
  • Pluralismo de idéias;
  • Historicidade;
  • Socialidade;
  • Secularização da consciência;
  • Antidogmatismo;

DESTAQUEPluralismo

sábado, 29 de agosto de 2009

ANOTAÇÕES PARA OS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA - PARTE 2

Continuando as reflexões sobre as anotações para os Exercícios Espirituais (EE), destacamos neste artigo as anotações 3 e 4, onde queremos levar nosso leitor a curiosidade da prática na vida dos EE, que muitos frutos poderão dar, para tal, veja o cardápio de santos e santas, beatos, beatas e bem-aventurados das fileiras marianas, isto muito anima, a engajar nesta caminhada.

Na Terceira Anotação, o Santo de Loyola, nos aponta que em nossos Retiros normalmente utilizamos nosso entendimento raciocinando, e através da vontade despertamos afetos. Aqui, cabe uma pausa sobre os atos da vontade, que ao falarmos com Deus, se requer de nossa parte maior reverência, ou seja, um respeito temente a este Deus que nos criou para o amor. Até a oração de Inácio se faz presente: “Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade, a minha memória também o meu entendimento e toda a minha vontade”. Seria, como se ajustássemos uma sintonia fina, entregando a Deus nossa liberdade, memória e vontade, para um diálogo muito presente, mais íntimo, e poder afirmar como São Paulo “Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (cf. Gál 2,20).

A partir do pressuposto, que entregamos a Deus o que ele nos dá de melhor, sentimos que devemos ser gratos em nossas ações. Tamanha responsabilidade, que requer compromisso de nossa parte. É o momento de revermos as palavras que proferimos em nossa Consagração a Nossa Senhora, um compromisso de fidelidade por toda a vida. Esta ligação, compromisso, responsabilidade com aquilo que prometemos, chamamos de “aliança”. E, esta aliança, aponta uma missão. No EE, aprendemos, através das contemplações, descobrir a nossa missão, não só na Igreja, mas também a missão como cristão, na realidade da vida e isto nos assegura uma pertença a Deus, despertando afetos, movendo a nossa inteligência, para através da vontade, perseguirmos aquilo que objetivamos, que é o encontro, mesmo com Jesus, na nossa vida, para junto dele colocar a nossa vida em oração, através do aumento de nossa fé, como resposta a toda graça que recebemos.

A experiência de Inácio ao redigir a sua Quarta Anotação, nos mostra que o EE é uma síntese da História da Salvação, pois possui início, meio e fim, basta perseguirmos com perseverança em sua totalidade, sem jamais esmorecer, só assim conseguiremos entender, que a História da Salvação passa por cada um de nós, e estamos nesta história, como Povo de Deus, podendo até afirmar: “Também sou teu povo Senhor, e estou nesta estrada...”. E, quando, nos sentimos Povo de Deus, raça escolhida, fazemos nossas escolhas com maior empenho e dedicação. Se escolhemos livremente ser congregados marianos é porque fizemos uma opção de vida, e se queremos ser marianos autênticos, devemos deixar nossas vaidades de lado e em tudo amar e servir.

Olhando a História da Salvação, vemos a Eleição de Abraão, Moisés, Samuel, Davi, Salomão, Eliseu, os profetas, Maria, Paulo. Nenhum deles precisou participar de votação, para ver quem seria o eleito. Esta indicação foi feita direta de Deus.

Na Igreja, a eleição do Santo Padre, é realizada em um confinamento de silêncio e muita oração e o Espírito de Deus vai iluminando até haver um único escolhido.

Em vários movimentos leigos, já há esta maturidade, onde vários leigos são indicados por coordenações regionais e partindo de um Retiro e de muita oração, encontram no discernimento, àquele candidato que irá estar à frente por um período de tempo pré-determinado. Evitando-se eleições, como acontecem hoje, onde sempre geram divisões e onde há divisões, o inimigo está no meio. O grupo vira uma Babel, onde cada um fala uma língua onde ninguém se entende. Já, na História da Salvação, temos um momento chamado ”Últimos tempos”, que é o tempo da Igreja, o nosso tempo e quem anima este tempo é o Espírito Santo, que desceu sobre a Virgem e os Apóstolos em Pentecostes.

Mas, a Regra de Vida das Congregações Marianas, está aí para ser cumprida, mas devemos, com muita sabedoria, lutar para mudar, no tempo oportuno, este tipo de eleição, que só leva a divisão. Discernir é preciso!

Ainda, na Quarta Anotação, Inácio distribui a prática dos Exercícios em seis etapas. A primeira dela é chamada de “Princípio e Fundamento”, onde vamos nos deparar com a Criação e descobrimos a contemplação do universo e da história à luz da Trindade. Tem este nome, porque partimos do Princípio, da Criação e Deus que criou tudo. Tudo vem do Pai. E Fundamento, porque todo exercício está ancorado, fundamentado em Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso único fundamento.

Após a descoberta da Criação, penetramos na Primeira Semana, que entraremos nas considerações e contemplação do pecado. Descobrimos que entre toda a criação de Deus e a nossa realidade há um grande abismo, que é proveniente do pecado dos primeiros pais, dos anjos e do nosso pecado.

Dando este salto por estas duas fases dos EE, podemos agora, adentrar a Segunda Semana, onde vamos contemplar a vida oculta de Jesus e a sua vida mesmo até o dia de Ramos. Atualmente, vivo esta experiência, pois estou contemplando o trecho do Bom Pastor, em Jo 10, nos Exercícios da Vida Cotidiana, uma caminhada, lenta, mas frutuosa.

Na Terceira Semana se contempla a Paixão de Cristo. Na Quarta Semana, se contempla a Ressurreição e Ascensão.

Por fim, a “Contemplação para alcançar o Amor”, que é uma síntese de todo o Exercício, para nos orientar e estimular no nosso cotidiano, apoiados pelos escritos do Novo Testamento como uma postura constante de amor a Deus a ao próximo.

Que estas anotações estimule a todos aqueles que aqui na Federação do Rio de Janeiro, conseguem parar um pouquinho as suas atividades, para juntos orarmos dentro dos EOI (Encontros de Oração Inaciana), que tem o propósito de animar e engajar o congregado nos passos das experiências dos EE proposto por Santo Inácio.

Recomendo, àqueles, que como eu, não possuem algum tempo disponível a fazer Exercícios Espirituais presenciais, que venham conhecer os EVC (Exercícios na Vida Cotidiana), personalizados. Com certeza, você encontrará muito mais sentido e alegria de viver. Caso deseje viver esta experiência, marque um horário com o Pe. Paulo Pedreira,sj, para uma entrevista inicial esclarecedora, através do E-mail: pedreirasj@jesuitasbrc.org.br

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ENCONTRO DE ORAÇÃO INACIANA - EOI

Novela Paraíso : Hino dos Congregados Marianos

ANOTAÇÕES PARA OS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA - PARTE 1


Inácio, no seu livrinho, pede a todos, que antes de fazermos os EE (Exercícios Espirituais), devemos atentar para algumas anotações, para que possamos desenvolver toda uma preparação para adquirir alguma compreensão dos mesmos. No total são 20 (vinte) anotações e vamos aqui, impregnado do amor de Deus, colocar algumas destas anotações para nossa reflexão e conhecimento, pois às Congregações Marianas abriram mão desta proposta, mas em nossa Regra de Vida, em seu nº 24 afirma que devemos seguir. Uma tremenda incoerência. Ou praticamos (sou à favor), ou reformamos a nossa Regra de Vida, apontando novos caminhos.

Mas, dentro da vigência atual, a Regra ainda é válida, assim passamos a destacar algumas das anotações do Santo de Loyola, que muito colabora com a nossa santificação, desde que bem vividos.

Na Primeira Anotação, Inácio nos fala de uma intensa atividade pessoal, da mesma forma como fazemos exercícios físicos para melhorar o nosso corpo, precisamos dos EE para melhorar a nossa alma, fazendo valer a capacidade dos atributos da alma, ou seja, a Liberdade, Vontade e Amorosidade, pois, com a valorização destes atributos podemos antecipar o Reino de Deus, aqui e agora. Esta foi a vida dos místicos, e Inácio de Loyola, foi um deles. E se foi bom ao santo, ele quer nos ensinar a trilhar o mesmo caminho, o da santidade.

Afirma o Santo, ainda nesta Primeira Anotação, que o ator principal nos EE é o próprio Espírito Santo, que no tempo privilegiado da graça (momento de nossa abertura para Deus, através dos EE), nos leva, através de uma catarse intensa e progressiva, para o encontro pessoal com o Deus vivo. Esta experiência é gratificante, pois participo de EVC (Exercícios na Vida Cotidiana), conforme Santo Inácio estimula na Anotação nº 19 e quinzenalmente acompanhado por um sacerdote Jesuíta, Pe. Paulo Pedreira, testemunho na minha vida este progresso, uma abertura para o Deus vivo, onde coloco minha vida a seu serviço, para melhor me conduzir na minha realidade, ou seja, no meu trabalho, faculdade, família, colégio onde ministro aulas de sagrada escritura, enfim a graça é infinita, e, ter Deus presente, me faz mais mariano, pois era assim que a Virgem Maria caminhava, Deus estava presente, pois ela gerou o próprio Filho. Bendito o fruto daquele ventre, que agora passo a contemplar e ver que tudo é graça.

Ainda, nesta Anotação, Inácio nos diz que os EE são qualquer modo de examinar a consciência, e confirmo que é, pois conforme dizia o filósofo René Descartes: “Penso, logo existo”, desta maneira, examinar a nossa consciência é uma dádiva, pois somos os únicos seres criados por Deus que possui esta capacidade de pensamento, de poder examinar a consciência, no silêncio, em Deus.Tudo é graça.

Continua o santo, ainda nesta anotação: “EE é todo e qualquer modo de preparar e dispor a alma para tirar de si todas as afeições desordenadas, afastando-as, procurar e encontrar a vontade divina, na disposição da vida para a salvação da alma”. Dentro da minha liberdade, pois nada é forçado, disponho minha alma para a vontade e o amor e assim com este objetivo afasto as afeições desordenadas, tudo aquilo que me incomoda, tudo aquilo que não é graça e sim desgraça, deixo de lado e procuro me aprofundar nas coisas de Deus e olhar a realidade de forma diferente, e começamos a olhar tudo que foi criado por Deus, foi feito por amor. Também, passo a contemplar, que até os alimentos que chegam a minha mesa, foi fruto do trabalho de muitas pessoas. Então, contemplo em Deus, quantos colaboraram para o meu café da manhã, meu almoço. Quantos na minha família, trabalham para mim, uma roupa vincada, um sapado engraxado, uma roupa limpinha e cheirosa e no trabalho, quantos colaboram conosco para o objetivo final de nosso dia a dia no trabalho, tudo é graça. Tudo está a minha disposição para a salvação da alma. É Deus mesmo agindo em mim, dialogando comigo, caminhando comigo, me apontando os caminhos a seguir. Não é o mesmo que aconteceu com Sua Mãe. Já nesta Primeira Anotação, nos sentimos mais marianos, mais íntimo de Maria, me dando orgulho de ser congregado mariano.

Inácio, avança, para a Segunda Anotação e nos propõe: “O que sacia e satisfaz a alma não é o muito saber, mas o sentir e saborear as coisas internamente”. Veja, a proposta do Santo de Loyola, não é o que satisfaz ao corpo e sim a alma, pois, como sabemos, o corpo passa, desaparece, sucumbe, por isto os atributos da alma são importantes: Liberdade, Vontade e Amorosidade, isto que nos levará para o encontro com Jesus, e, Inácio, consciente deste conhecimento adquirido e experimentado, nos quer passar, pois ele quer salvar almas e não vidas.

Continua o Santo, “não é o muito saber”. Isto significa, que os EE não é só para o intelectual, mas para todos, para o sábio e o iletrado, principalmente para todo aquele de boa vontade. Inclusive já me questionaram se os EE era só para doutores, intelectuais, letrados, formados. Digo que não, os EE como são pautados no amor de Deus, e sabemos que Seu amor não cabe em si, irradia, e os EE, da mesma forma, servem e querem atingir a todos. Quantos EE com pessoas que nem ler sabia, puderam participar e deram testemunho, maiores até que o meu. O Amor de Deus é Maravilhoso.
Mas, "o sentir e saborear as coisas internamente”. Quando, aprendemos a contemplar, observamos detalhes, que numa simples oração não identificamos. Apreendemos as coisas de Deus e a levamos aos nossos corações e meditamos lá. Assim, como fazia a Virgem Santíssima. E como é suave e consoladora esta presença de Jesus, nos causando comoção e aproximação, querendo eu, inclusive, esquecer o passado e somente pensar em “olhar para frente”, com o objetivo único de não me deixar preso pelas coisas que o mundo oferece, mas sim pelas perspectivas de um mundo melhor para todos. Como é doce e suave estar na presença de Jesus.

Estas linhas dedico aos congregados da Federação de Sorocaba, que puderam partilhar um pouquinho desta experiência e, prometo, continuar comentando, outras anotações, para que outros se acheguem para contemplar o amor de Deus, que não tem limites e me coloca, como outrora falara o Pe. Zezinho em uma de suas canções: “Sou cidadão do infinito, do infinito...”

O surgir encobre-se

Partindo da frase de Heráclito: Physis kryptesthai phileî, nos aponta o pensamento para a compreensão da natureza mesma do ser, onde o “surgir favorece o desenvolvimento do encobrir, e o encobrir favorece o surgir”. Surgir e encobrir favorecem-se mutuamente, cada qual possibilitando o outro.

O fragmento de Heráclito promove a circularidade do “aparecer”, “gostar”, “encobrir”, e só através dessa relação é que conseguimos compreender o alcance desse fenômeno originário.

Heráclito Insiste no mistério, pois quem se “encobre” é o próprio “surgir”, em sua ação de surgimento. Deste modo para Heráclito o “surgir” e o “encobrir”, são duas perspectivas diferentes de um mesmo fenômeno. Neste enigma, o pensamento é o próprio obscurecimento e clareamento constitutivo do Real. E, a essência da physis é exatamente o não-encobrimento. Heráclito diz exatamente o contrário: o surgir favorece seu encobrir-se e, assim procedendo, reforça sua “essência” de surgimento, onde, contrariando a dialética Hegeliana, que tem uma direção progressista, em Heráclito os movimentos opostos revolvem-se um no outro sem se resolverem num terceiro. O pensamento de Heráclito não almeja o brilho dialético do progresso, por isto o surgir da “physis” é o princípio, a força de todo aparecer, o que se encobre no surgimento que constitui a “physis”. Ou seja, a “physis” torna-se como o vento que, quando sopra, deixa sua presença em toda a natureza ainda que ele mesmo, o vento, nunca se deixe apreender.

Já o ser é magnânimo e se resguarda, ou seja, se guarda de sua possibilidade de dar! É dando-se que o ser acontece. Bem como, o ser possui uma grande alma porque tudo anima com seu sopro vital e desta forma presenteia, fazendo o mundo presente através da doação de si mesmo. Isso é o seu Poder – o poder de dar (se dando). Essa virtude se complementa, no entanto, pela humildade com que ele se dá. O ser não faz questão de aparecer. E, ao longo da modernidade, o resguardo do ser tem se acentuado. O ser se guarda cada vez mais, protegendo sua verdade das verdades que a todo instante surgem, onde o próximo torna-se cada vez mais distante. E o retirar-se significa seu fortalecimento. É desse movimento espiralado que o homem retira a ilusão de que sua força é ilimitada.

Esplendor da junção (alétheia e ocaso):
O ser é o que, mesmo ocultando-se, nunca se declina porque é sempre presente na ausência-presente de si mesmo. A predominância do surgir no sentido geral do ser torna luminosa a junção em que surgir e encobrir confluem, cada qual se arrastando contínua e essencialmente ao seu contrário.

O ser significa emergir, sair do oculto. Sair do encobrimento, o ser é o sair. O brotar é sempre um desvelar-se, um vir à tona através da profundeza de si mesmo. Essa verdade originária, a junção desveladora do encoberto com o seu aparecer, os gregos chamavam de “alétheia”, que é o momento em que o dia emerge da noite: a luz já aparece, mas o manto da noite ainda se faz presente. Como instante originário do aparecimento. “Alétheia” é a essencialização da “physis”, a natureza nascendo, naturando-se. Deste modo, “Physis” e “alétheia” referem-se a um mesmo fenômeno: a essência do aparecimento. O abrir-se originário, o desvelar-se primordial, o luzir da totalidade dos fenômenos. Se “alétheia” é o instante do descobrimento, seu “reverso” é o momento em que o descoberto se recolhe ao pouso de seu abrigo, agora assistimos ao brotar do encobrimento.

A essência do mistério:
A natureza do ser: a verdade do ser em seu vir-a-ser é o mistério do homem, onde “Alétheia” e “physis”, são o descobrir que, em seu surgimento, guarda o coberto de sua proveniência. Aqui o mistério é o oculto que se mostra, pois em todo mistério há de ter o claro e o escuro.

No mistério, o inalcançável tem uma face visível que torna presente a sua ausência, sem eliminá-la. Deste modo, o mistério é o ausente-presente, e, não constitui “um outro”, separado do que se revela. Daí, o oculto será o próprio que se irá mostrar e o ausente será aquele que se apresentará como ausente. No mistério seta sempre presente o inatingível, o ausente à percepção do pensamento.

Aqui está a essência do mistério: ser descoberto no encoberto, onde o pensamento, diante do mistério, se entrega ao espanto do maravilhoso. Misterioso é o ente, o real. O mundo. Qualquer coisa, na simplicidade complexa de sua unidade. O ser.

Filosofando – Introdução à Filosofia (Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins)

Introdução: Sócrates à Relação que estabelece é puramente intelectual. Seu conhecimento é vivo (experiência da vida cotidiana). Cria o princípio que nada sabe. Desperta as consciências adormecidas. É tido como subversivo e deve morrer. O lugar da Filosofia é a praça pública.
 
Filosofia: etimologia: passagem do mundo mítico para a consciência racional “Amor à sabedoria”.

Filosofia não é um saber: Kant: “Não há filosofia que se possa aprender” é um pensar permanente. Platão: “é admirar-se”. A filosofia não é a posse da verdade, mas a sua busca. O pensar filosófico é a vivência no cotidiano.

A filosofia não se confunde com a ciência: Nos primórdios, com Tales, Pitágoras e Aristóteles, ciência e filosofia se ligavam. Séc. XVII com Galileu Galilei, houve a ruptura, nascia a ciência, fragmentação do saber. A pergunta: o que resta da filosofia, se ela foi esvaziada? – As ciências se especializam, a filosofia tem uma visão de conjunto. Deste modo, em todos os setores do conhecimento e da ação, a filosofia deve estar presente como reflexão crítica a respeito dos fundamentos deste conhecimento e deste agir. Filosofar é dar sentido à experiência.

O processo de filosofar: Há a filosofia de vida que é o filosofar espontâneo do homem comum. Ex.: escolha da escola, apartamento etc... Já filosofar surge no momento do pensar, tornando-se objeto de uma reflexão, colocar em questão o que se conhece. Mas, segundo o professor Demerval Saviani, para esta reflexão ser filosófica, precisa ser Radical (reflexão em profundidade), Rigorosa (segundo métodos determinados) e de Conjunto (o problema não deve ser examinado de forma parcial, mas olhando todo o contexto a sua volta).

Qual é a utilidade da filosofia: É a transcendência humana, ou seja capacidade do homem superar sua imanência. E isto provoca no homem maior contato com a vida. Filosofar sempre se confronta com o poder, não devendo sua investigação estar alheia à ética e à política. Filosofia se coloca ao serviço da “liberdade”. A filosofia critica a ideologia, põe a nu aquilo que estava escondido. Filosofia exige coragem. Não é um exercício puramente intelectual. Descobrir a verdade para enfrentar as formas estagnadas. É aceitar o desafio da mudança. 

Método da filosofia: Em Sócrates: Divide em duas partes: Ironia e maiêutica. Platão: aperfeiçoa a maiêutica e a transforma em dialética. Aristóteles: desenvolve as regras do pensamento correto: encadeamento das proposições, ligações dos conceitos universais para os particulares. Leis do silogismo, que irá delinear a argumentação dedutiva. Idade Média: Grande influência de Platão e Aristóteles, surge a escolástica, desenvolve a discussão, a argumentação e o pensamento discursivo. Descartes: Surge a questão do método, a intuição intelectual. Descoberta da subjetividade (conhecimento do mundo se faz com o sujeito que o conhece). Locke, Hobbes, Hume, Berkeley, Leibniz: nominalismo e empirismo. Kant: desenvolve o criticismo e coloca a razão em um tribunal. Comte: O fato positivo é aquele medido e controlado pela experiência. Wittgenstein, Schlick, Carnap: Neopositivismo. Hegel: método dialético (versão idealista) e Marx e Engels (versão materialista). Husserl: método fenomenológico (tenta superar a cisão do racionalismo e empirismo). Séc. XX a partir da pesquisa das ciências humanas, a lingüística (Saussure, Jakobson) e na antropologia (Lévi-Strauss): Estruturalismo (sob certas estruturas superficiais, há estruturas profundas que precisam ser investigadas (o estruturalismo se opõe ao historicismo).

Filosofia: nem dogmatismo, nem ceticismo: Essas duas posições antagônicas têm algo em comum, a visão imobilista do mundo: o dogmático atingiu uma certeza e nela permanece; o cético anseia pela certeza decide que ela é inalcançável. Filosofia é movimento. A certeza e a sua negação são apenas dois momentos (a tese e a antítese) que serão superados pela síntese, a qual será a nova tese. A filosofia é a procura da verdade, não a sua posse, como disse Jaspers “fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas são mais essenciais que as respostas e cada resposta transforma-se numa nova pergunta.

Resposta à Pergunta: Que é “Esclarecimento”? (Aufklärung)


Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade (incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo). Sendo que o homem é o próprio culpado pela sua falta de decisão e coragem. Uma das grandes causas: preguiça e a covardia. Hoje em dia as facilidades das coisas não me obrigam a pensar é mais fácil pagar. Torna-se difícil ver alguém livre desta menoridade, algo que começa a nos prender aos grilhões dentro mesmo de nossa socialização, enquanto família e vamos crescendo assim sem liberdade sempre presos a regras e sistemas.

Para que um público se esclareça há de ter liberdade. Mas se esbarrarão sempre com alguns indivíduos capazes de pensamento próprio e que acabarão dominando e obrigando os que estão sob eles de serem incapazes de chegar ao esclarecimento. É um trabalho que deverá ser feito muito lentamente, pois nem uma revolução poderá realizar a verdadeira reforma do modo de pensar.

Para o esclarecimento exige-se liberdade, mas o que temos é limitação da liberdade. Quando utilizamos a razão de forma pública, será sempre livre e realizará esclarecimento. Quando utilizamos a razão de forma privada há impedimento do progresso do esclarecimento, pois temos que viver dentro de certos comportamentos, sem raciocinar e só obedecer. Mas, vale salientar que este mesmo cidadão que usa a razão de forma privada, pode vir a utilizá-la de forma pública com ilimitada liberdade.

Uma sociedade poderia a vir se fechar e criar uma supertutela para conduzir seus membros e afastar para sempre todo o possível esclarecimento? – É nula esta hipótese e um erro contra a natureza humana. O homem pode até adiar o esclarecimento, mas renunciar a ele, significa privar a humanidade de seus próprios direitos. Da mesma forma, um povo, nem um monarca podem decidir sobre si mesmo.

Em resposta a pergunta: “Vivemos agora em uma época esclarecida”? Kant diz: “Não, vivemos em uma época de esclarecimento”, pois ainda falta muito para o homem estar plenamente seguro de seu entendimento sem estarem dirigidos por outrem. Neste sentido, para Kant, a época de esclarecimento é a época do Príncipe Frederico (Frederico II, da Prussia) que entendia que a liberdade do cidadão nada mais era do que o cumprimento das ordens do Estado. Para ele, o objetivo do governo era o bem comum, a preocupação com os interesses, a felicidade e o bem estar do povo. Pela primeira vez libertou o genero humano da menoridade, e deu a cada homem a liberdade de utilizar sua própria razão em todas as questões da consciência moral.

Frederico II, que era esclarecido, não tinha medo de sombras e ao mesmo tempo tinha à mãos um numeroso e bem disciplinado exército para garantir a tranqüilidade pública, dizia: “raciocinai tanto quanto quiserdes e sobre qualquer coisa que quiserdes; apenas obedecei”! Vemos, um grau maior de liberdade civil parecer vantajoso para a liberdade de espírito do povo e no entanto, estabelece para ela limites intransponíveis.

FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA


1. A Filosofia e sua vivência: Mais que qualquer outra disciplina precisa ser vivida. Vivência: significa o que estamos verdadeiramente sentindo. Ex.: de Estudar e Observar. Para vivê-la é indispensável entrar nela como se entra numa selva, para explorá-la. Mas, viver a realidade filosófica, é algo que só poderemos fazer em certos números de questões e certos pontos de vista.

2. Definições filosóficas e vivências filosóficas: O autor cita Hegel “todo o racional é real e todo o real é racional” essa fórmula apresenta um sentido imediato, que é a identificação do racional com o real, de imediato não nos diz nada, mas precisamos de uma vivência, com representações experimentadas por nós mesmos.

3. Sentido da palavra “filosofia”: Amor à sabedoria. Filósofo é o amante da sabedoria, mas este significado acontece em Heródoto, Tulcídides e nos Pré-Socráticos. Após este período, representa a própria sabedoria. Qual a classe do saber da filosofia? ´É o saber que adquirimos quando o procuramos.

4. A filosofia antiga: Distinção entre simples opinião e conhecimento racionalmente bem fundado. É a opinião que se afasta da opinião corrente (doxa: opinião). Platão coloca a epistéme, significa o saber que adquirimos depois de procurá-lo metodicamente. Para Platão o método da filosofia é a dialética, método de autodiscussão, um diálogo consigo mesmo e logo discutindo essa suposição para substituí-la por outra melhor, chegamos ao conhecimento que resiste a todas as críticas. Em Aristóteles: acontece o volume enorme de compreender dentro do seu seio e de designar a totalidade dos conhecimentos humanos. È a totalidade do saber das coisas. Na época de Aristóteles a filosofia se dividia: Lógica (os métodos do conhecimento humano), física (conjunto do nosso saber acerca de todas as coisas, inclusive a alma humana, também se inclui a psicologia), metafísica (estudo do ser enquanto ser), ética (conhecimentos a cerca das atividades do homem).

5. A filosofia da Idade Média: Série de pesquisas e conhecimentos que temos acerca de Deus, se separam do resto dos conhecimentos e surge a teologia. Desta forma o conhecimento se divide em: filosofia e teologia. Filosofia continua designando todo o conhecimento, menos o de Deus.

6. A filosofia na Idade Moderna: Séc. XVII, a filosofia começa a partir-se. Começam a sair do seio da filosofia as ciências particulares. Então, que é a filosofia: – Se a todo o saber humano lhe tiram as matemáticas, a astronomia, a física, a química, etc…, o que resta, isso é a filosofia.

7. As disciplinas filosóficas: Ontologia, metafísica, lógica, teoria do conhecimento, ética, estética, filosofia da religião, psicologia e a sociologia, formam parte do território filosófico. O que há de comum nessas disciplinas? – Todas são o resíduo desse processo histórico de desintegração. A história pulverizou o velho sentido da palavra “filosofia”. Vamos perguntar, porque forma embora as matemáticas, física, química e as demais. Uma ciência se desprendeu do velho tronco da filosofia quando conseguiu circunscrever um pedaço do imenso âmbito da realidade.

8. As ciências e a filosofia: Pertencem à realidade: número e figura. Mas, desde o momento em que se separa o “ser número” ou o “ser figura”; quando se circunscreve este pedaço de realidade e se consagra atenção especial a ela, ficam constituídas as matemáticas como uma ciência independente e se separam da filosofia. Uma ciência deixa a filosofia quando renuncia a considerar seu objeto de um ponto de vista universal e totalitário. A filosofia considera o seu objeto sempre do ponto de vista universal e totalitário.

9. As partes da filosofia: Filosofia é o estudo de tudo aquilo que é objeto de conhecimento universal e totalitário. A filosofia poderá dividir-se em dois grandes capítulos, em duas grandes ciências: ontologia: estudo dos objetos, conhecidos e cognoscíveis. E, o segundo: a gnoseologia: estudo do conhecimento dos objetos.

Resenha, a partir de texto de Manuel Garcia Morente, em O Conjunto da Filosofia.

A EXPERIÊNCIA DO CONHECIMENTO


Os homens são os únicos seres que possuem a razão, capacidade de relacionamento e também ir além da realidade imediata. Os homens em contato com esta realidade, apreendem esta realidade e confrontam com o seu eu, sua cultura, sua história, e nesta relação, como seres pensantes, se estrutura o conhecimento humano. Já o processo do conhecimento mostra aos homens que eles jamais são alguma coisa pronta, mas é preciso ter coragem e se mostrar abertos diante da realidade.

Segundo o texto de Ana Maria Garcia, a capacidade do homem, permite três possibilidades em relação ao conhecimento: fazer, usar e posicionar-se diante do conhecimento.

Fazer conhecimento é estar criativamente no mundo, é estar despojado, aberto. O sujeito e o objeto nascem um para o outro, em uma relação dialética, mas para toda essa relação aparentemente simples há todo um trabalho de elaboração mental que constrói o conhecimento. Aqui o conhecimento, só tem sentido no momento da elaboração e este nascimento não é espontâneo e sim um processo. Deste modo a objetividade (característica daquilo que existe independentemente do pensamento) da ciência não se propõe diretamente ao fenômeno (sensação), nem como metafísica. É a objetividade proposta pela abstração sobre o fenômeno que, por meio do conceito (idéia), o transforma em objeto (o que se apreende pelo pensamento), por esta razão não podemos ser cientistas “espontaneamente”, precisamos de uma longa iniciação.

Uso do conhecimento é realizado a partir do momento que entendemos ser a técnica, dominante em nossas vidas, pois para exercermos o trabalho técnico se faz necessário um estudo de gravação de fórmulas e conceitos. Com isto não há possibilidade de desenvolvimento humano, falta o aspecto reflexivo, provocando sua destruição, e o homem passa a pensar o mundo de acordo com a ideologia vigente, fazendo com que o homem perca o verdadeiro sentido do conhecimento. Desta maneira, com as facilidades tecnológicas, tem-se a ilusão mágica de que a ciência e a tecnologia tudo podem, e o pior, acaba nos convencendo, sendo para nós, da maneira que está sendo conduzida, uma forma de morte, devido à política e manutenção do poder. No mundo de hoje é a especialização que importa e será muito difícil, a partir da ciência, com sua prática, modificar a verdade tal como está estabelecida. Cabe ressaltar, que o saber verdadeiro, é um saber descobridor, que me faz dar sentido a uma realidade e a mim mesmo e não uma possibilidade de alienação e angústia. Já não conseguimos construir um mundo, todos vivem do mesmo modo, pensam as mesmas idéias.

Posicionar-se diante do conhecimento é entender que o conhecimento científico, transforma o possível em provável. Dessa maneira manipulamos o real, construímos o futuro conforme a técnica proposta. É o progresso! Chegamos neste ponto, como voltar atrás? Como entrar no processo Pensar? É preciso pensar a técnica e a ciência não sem negligenciar as outras formas de pensamento: o mito, a teologia, a filosofia. Desta maneira, pensar é ter um posicionamento crítico a respeito de cada uma das possibilidades de saber.

A PROBLEMÁTICA DO SER



A Cultura ocidental está sobre a influência do “orfismo”, que contém muitos mitos para explicar a cosmogonia, é um período de politeísmo antropomórfico. E, nesta passagem desse fundo religioso (logos do discurso mítico) para a elaboração de um pensamento racional (logos do discurso raciocinado), tem-se o logos (palavra). Neste “Momento” (alguns séculos), a “admiração (thauma) se desloca dos mitos para o que a razão pode oferecer, os primeiros filósofos, ainda presos a physis (natureza de todas as coisas), mas com pensamento voltado para a arché (princípio, de onde algo surge e impera), começam a esquecer os deuses e procuram com explicações meramente racionais encontrar suas respostas, mas esta ruptura se dá lentamente, face a existência de muitos deuses na pólis.

Com a força da razão, surge o problema: O que é… o mundo? …Assim? …Isto? É a procura pela quididade da coisa (essência). Surge a “problemática do ser”, com a pergunta o “que é isto”? A resposta “isto é”, onde o “verbo ser” aparece no interior da própria questão e faz-se necessário conhecer a significação deste “é”. Assim, se afirma que “o ser se dá no logos” (discurso, linguagem). Como conseqüência o estudo do “ser” chama-se “ontologia” (to òn + logos) = ser + episteme (conhecimento rigoroso).

Surge a valorização da palavra, que é chave de toda autoridade e meio de comando e de domínio sobre o outro, com ela têm-se a força do convencimento. Desta valorização da palavra, destacamos: 1) publicidade, pois as manifestações mais importantes da vida social adquirem caráter público, aquilo que era secreto, torna-se conhecido a todos e 2) Isonomia, que é o sentimento de igualdade entre os cidadãos.

Heráclito: Mais importante filósofo da Jônia, escrevia de forma hermética (confusa), por isso recebeu o apelido de “o obscuro”. Considerado o filósofo do devir, do vir a ser, do movimento. Para ele a verdade encontra-se no devir e não no ser. Em seu pensamento, destacamos: a) Toda a realidade é dotada de realismo, tudo se “modifica”, tudo “flui”. “O ser é e não é ao mesmo tempo”; b) A força dos opostos: as coisas também estão em perene oposição, onde o conflito é positivo (frio x quente, noite x dia, vida e morte); c) Síntese dos opostos: o conflito entre todas as coisas revela-se como fonte de harmonia; d) O Deus: A harmonia dos opostos tem um princípio que está acima deles, que é o fogo, elemento unificador, o fogo é o paradigma da perene mutação.


Parmênides: de Eléia, que redigiu a constituição de sua cidade, nega o devir (movimento) e afirma o “ser”: “é necessário afirmar e pensar que o ser é”. Nega os opostos e afirma um único ser indiferenciado (considera impossível a passagem do não-ser para o ser ou vice-versa) e eterno (do nada não pode brotar o ser). Enuncia o “princípio da não contradição”: “uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo”. Identifica o ser com o pensar: “o pensamento é ser”; “É uma e a mesma coisa o pensar e aquilo por força do qual há pensamento”. Além do caminho da verdade (fundado no intelecto), há o caminho da opinião (que se funda nos sentidos).

ARCEBISPO NÃO TEVE PENA DA CRIANÇA, AFIRMA MÉDICO.


O médico Rivaldo Mendes de Albuquerque, 51, professor de ciências médicas da Universidade Estadual de Pernambuco, foi um dos profissionais que interromperam a gestação da menina de 9 anos, grávida de gêmeos.

Católico praticante, todo domingo ele pode ser encontrado na missa, aonde vai para pedir “luz e compreensão“. Sobre a excomunhão decretada por dom José Cardoso Sobrinho, o médico disse: “Tenho pena do nosso arcebispo, que não conseguiu ser misericordioso com o sofrimento de uma criança inocente, desnutrida, franzina, em risco de vida, que sofre violência desde os seus seis anos“.

Segue a entrevista que Rivaldo Mendes de Albuquerque concedeu a Laura Capriglione e está publicada no jornal Folha de S. Paulo, 06-03-2009.

Como um católico praticante recebe a excomunhão?
Com tristeza. Mas não foi a primeira vez. Quando o serviço de atendimento a mulheres vítimas de violência sexual da Universidade Estadual de Pernambuco foi inaugurado, em 1996, o mesmo dom José Cardoso Sobrinho nos excomungou a todos, porque o serviço, entre outros atendimentos, realiza as interrupções de gestação nos casos previstos em lei.

Então a pergunta é: como um católico faz abortos, apesar da proibição religiosa?
Primeiro, é preciso que fique claro. Não foi Deus que proibiu a interrupção da gestação em qualquer caso. Foram os homens da Igreja. E eles erram -já queimaram gente viva em praça pública, não se esqueça. Quando comecei a trabalhar neste programa, conversei com minha mãe, então com 80 anos, católica praticante. Perguntei se me condenaria por interromper a gestação de mulheres estupradas. Ela me disse que não. Que, se fosse com ela, gostaria de encontrar um médico compassivo com sua situação. A mesma pergunta fiz à minha mulher – mesma resposta. Tenho duas filhas. O que faço por outras mulheres é o que eu gostaria que fizessem pelos meus entes queridos se com eles ocorresse uma tragédia dessas.

Dom José Cardoso Sobrinho falou com alguém da equipe?
Não. Ele se dirigiu apenas ao reitor da universidade, o professor Carlos Calado. Mas, se tivesse falado com alguém da equipe, o procedimento adotado teria sido o mesmo. Nós não recebemos um único centavo a mais para fazer esse tipo de intervenção. Fazemos pelo respeito que uma mulher vítima de violência merece, e que o arcebispo, infelizmente, trata sem nenhuma misericórdia. Veja que curioso: quem nos condenou à excomunhão não proferiu uma só palavra dirigida ao homem que estuprou essa criança. Para dom José Cardoso Sobrinho, a única coisa que conta é o Direito Canônico [o manual de normas da Igreja Católica]. Falta-lhe coração. Tenho pena do nosso arcebispo, que não conseguiu ser misericordioso com uma criança inocente.

Como é a menina?
Típica vítima da miséria. A mãe pensava que a barriga era decorrência de vermes, por isso não tomou providências antes. É uma criança desnutrida, que ainda brinca com boneca.

'FIM NÃO JUSTIFICA MEIOS', DIZ ARCEBISPO


Após tentar barrar o aborto, dom José Cardoso Sobrinho disse que as pessoas devem lembrar que acima de todas as coisas está a lei divina. Para ele, “os fins não justificam os meios“, e, mesmo diante da possibilidade de a menina não resistir à gravidez, “duas vidas humanas não deveriam ter sido suprimidas”.

Segue a entrevista que dom José Cardoso Sobrinho concedeu a Renata Baptista e está publicada no jornal Folha de S. Paulo, 06-03-2009.

Por quê excomungar os envolvidos no caso? Não tenho o poder de excomungar ninguém. Está escrito nas leis da Igreja. As pessoas que atuaram diretamente para as mortes estão automaticamente excomungadas. Ou seja, não estão mais em comunhão com a Igreja. A Igreja é tão benigna que aquelas que só apoiaram não são excomungadas e as que foram não estão condenadas eternamente. Se se arrependerem, a Igreja perdoa.

A punição é dada apesar de a lei amparar o ato? Algumas leis civis são contra a lei de Deus. É o caso de aborto e divórcio. Deve-se lembrar que a lei de Deus está acima de todas as coisas. Fiz o que podia para impedir a morte destes inocentes. Mas ela corria risco.O médico dizia que havia o risco, mas o fim não justifica os meios. A boa finalidade de salvar a vida dela não podia ter suprimido duas vidas. Vou dar um exemplo: eu gosto muito de dar alimentos aos pobres, mas para consegui-los não posso roubar um banco ou assaltar alguém. Dois inocentes morreram, sem chance de se defender.

O sr. não teme que isso afaste fiéis da Igreja? Se afastar os fiéis que não comungam dos ensinamentos da Igreja, que seja. Hitler matou 6 milhões de judeus e o Holocausto é lembrado todos os anos. Também penso num Holocausto silencioso, nos 50 milhões de abortos no mundo a cada ano.

ANALOGIA COM O PENSAMENTO FILOSÓFICO


“Todo o homem que for dotado de espírito filosófico há de ter o pressentimento de que, atrás da realidade em que existimos e vivemos, se esconde outra muito diferente, e que, por consequência, a primeira não passa de uma aparição da segunda” (Nietzsche, F., Origem da Tragédia, Trad. de A. Ribeiro, Lisboa 1972, p.37).


Quando a realidade começa a desocultar-se, o pensamento que a recolher no seu desvelamento por certo soçobra. O espetáculo é tão extraordinário. Nasce daí não tanto um falar, mas um calar, não tanto um saber, mas uma amizade com a realidade.


Considero esta colocação de Nietzsche, fantástica e espontaneamente espiritual, pois nos aponta o além da realidade, e quem, consegue esta caminhada sacia e satisfaz a alma.


Conforme os comentários do Pe. Géza Kövecses,SJ ao EE,2 nos diz: “Os Exercícios Espirituais são, no seu conjunto orgânico, uma PEDAGOCIA SOBRENATURAL, na qual o ESPÍRITO SANTO INSTRUI, MOVE, ROBUSTECE o exercitante orientando-o para uma vida divina cada vez mais pujante. O CRESCIMENTO DA GRAÇA ultrapassa absolutamente as exigências e forças naturais do homem: NEM A INTELIGÊNCIA, NEM A VONTADE, PELO SEU PRÓPRIO ESFORÇO PODEM LEVANTAR O EXERCITANTE À ESFERA LUMINOSA DA GRAÇA. SÓ O ESPÍRITO SANTO É CAPAZ DE INTRODUZÍ-LO NA COMUNHÃO DE DEUS VIVO, PELA INSERÇÃO PROGRESSIVA EM JESUS CRISTO, COMUNICANDO-LHE, CONSEQUENTEMENTE, UMA SATISFAÇÃO INTERNA ESPIRITUAL”. (Gál 4,6; Rm 8,15-16).


Por isso, achamos que o estudo sério dos Exercícios Espirituais pressupõe reflexão teológica sólida sobre a ação do Espírito Santo na alma humana; isto é, além da Eclesiologia e da Cristologia, é preciso conhecer em profundidade a PNEUMATOLOGIA.

RESGATE DA ESPIRITUALIDADE INACIANA


Estamos começando este Blog que deverá ser o ponto de encontro entre congregados marianos do Brasil, para troca de nossas experiências. Aqui no Rio de Janeiro, estamos empenhados em nosso retorno as origens, através do Resgate da Espiritualidade Inaciana, conforme nossa Regra de Vida nº 25, para fazer valer a pedagogia utilizada por Inácio de Loyola com aplicação em nossa vida pessoal.

O primeiro passo do Santo de Loyola, após sua conversão, foi se ajoelhar e entregar sua espada numa oferta a Virgem Maria, desta maneira, se consagrando a Maria.

Deste modo, tendo Maria como modelo e utilizando da pedagogia do Santo de Loyola, nós leigos e congregados marianos buscamos a santidade.